Os organofosforados são compostos orgânicos que a princípio foram utilizados como fim bélico principalmente durante a segunda guerra mundial. Dentre alguns exemplos temos o gás Sarin, Tabun e Soman, conhecidos por terem características neurotóxicas. Além disso possuem principalmente atividade pesticida, amplamente utilizados no mundo inteiro pelo setor agrícola e principalmente no Brasil, pois estamos entre os maiores consumidores de produtos agrotóxicos do mundo. São usados como alternativa para os organoclorados, uma vez que estes possuem maior potencial tóxico quando comparado com as outras classes de agrotóxicos, e também por serem substâncias tóxicas persistentes, ou seja, possuem capacidade de se manter por tempo prolongado no meio ambiente sem degradação.
Dentre os compostos dessa classe de substâncias agrotóxicas temos o Forato, Terbufós e Dissulfoton com DL50 (Dose Letal 50 - dose necessária de uma dada substância ou tipo de radiação para matar 50% de uma população em teste) de 1,4 mg/kg ; 1,5 mg/kg e 1,9 (mg/kg) respectivamente, sendo os mais tóxicos dentre os comercializados devido a baixa dose necessária para provocar intoxicações e morte, todos com Ingestão diária Aceitável (dose segura diária que, se consumida por toda a vida não causará efeitos adversos) de menos 0,0005 mg/kg. Dentre as substâncias mais seguras pela baixa DL 50 estão a Malationa, a Diazinona e o Acefato com DL50 de 5400 mg/kg, 1250 mg/kg e 1000 mg/kg respectivamente, nestes casos a Ingestão Diária Aceitável de 0,07 mg/kg, 0,0002 mg/kg e 0,0012 mg/Kg respectivamente. Em comparação entre esses compostos citados acima, notamos que a Malationa possui um perfil mais seguro pois sua Dose Letal e sua Ingestão Diária Aceitável estão bem acima do que os baixos valores apresentados pelos outros, principalmente quando comparado ao Forato.
Os organofosforados são classificados como anticolinesterásicos, pois inibem a degradação do neurotransmissor acetilcolina na fenda sináptica através do bloqueio da enzima acetilcolinesterase, em sua forma abreviada AChE, (responsável pela degradação da acetilcolina). Uma vez bloqueada a AChE não degrada a acetilcolina das fendas sinápticas, o que provoca acúmulo da mesma nesses locais de sinalização celular, aumentando a excitação neuronal e a transmissão de um impulso nervoso de um neurônio a outro. Os efeitos clínicos relacionados com a inibição desta enzima estão diretamente relacionados com a sinalização promovida pelo sistema nervoso autônomo parassimpático. Uma vez hiperestimulado observamos sintomas como salivação, sudorese (excesso de suor) , tremores, diarreia, bradicardia, broncoconstrição e consequente dificuldade de respirar, entre outros efeitos tóxicos, sendo todos relacionados a atividade parassimpática tanto muscarínica quanto colinérgica, o que costuma ser denominado de síndrome parassimpaticomimética.
O tempo de exposição do indivíduo ao agente tóxico sempre é um fator que deve ser levado em consideração, portanto o grau de intoxicação também será aumentado se caso o sujeito for exposto a doses diárias ou por tempos prolongados. Baixos níveis de exposição normalmente estão relacionadas a crises alérgicas, lacrimejamento, salivação entre outros, e conforme os níveis de exposição forem maiores também haverá agravação dos sintomas podendo chegar a casos de convulsões, insuficiência respiratória, coma, ataxia e até mesmo a morte. O tempo necessário para levar a morte um indivíduo pode variar de acordo com a dose que o mesmo foi exposto e a via de intoxicação. Os fatores mais importantes a se considerar em casos de intoxicação são o tempo de exposição a droga como dito anteriormente, a dose que o indivíduo foi exposto e a via de intoxicação. Esses três parâmetros andam juntos e podem influenciar uns aos outros.
Nos casos de intoxicação por esses compostos químicos, o indivíduo deve ser imediatamente levado ao médico para que sejam feitos os devidos procedimentos que podem variar entre lavagens gástricas, uso de antagonistas entre outros processos.
Referências Bibliográficas
CAVALCANTI, Laura Patricio AN et al. Intoxicação por Organofosforados: Tratamento e Metodologias Analíticas Empregadas na Avaliação da Reativação e Inibição da Acetilcolinesterase. Revista Virtual de Química, v. 8, n. 3, p. 739-766, 2016.
SISINNO, Cristina Lucia Silveira; OLIVEIRA-FILHO, Eduardo Cyrino. Princípios de toxicologia ambiental. In: Princípios de toxicologia ambiental. 2013.
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