Sonho lúcido

O sonho lúcido é definido como um sonho que o indivíduo que o sonha está ciente que está sonhando, e em alguns casos, há a possibilidade, ou ao menos aparente, de manipulação do conteúdo deste sonho, ou do ambiente ou até de suas ações durante este sonho, resultando em uma experiência cuja a recordação é bem clara e nítida (lúcida). Alguns indivíduos que tiveram a experiência do sonho lúcido afirmam que aparentam ser mais reais do que a própria realidade, pois todos os elementos presentes naquele sonho são amplificados, tornando uma percepção de realidade aumentada. Os sonhadores lúcidos podem se lembrar de executar determinadas ações durante o sono e sinalizar para os pesquisadores o momento da execução destas ações, determinando o exato ponto de início deste sonho lúcido, permitindo o estabelecimento de relações entre a neurofisiologia, possibilitando o entendimento da circuitaria envolvida no processo, e os relatos obtidos.

Pessoas que relataram ter sonhos lúcidos descrevem esses sonhos como coloridos, animados e fantásticos, outros relatam ser uma “hiper-realidade”. Algumas dessas pessoas comparam esses episódios com experiências espirituais e dizem que este sonho mudou algo em sua percepção e maneira de viver. Experiência espiritual ou não, o sonho lúcido é capaz de ser detectado e comprovado cientificamente, e é em alguns casos classificado como uma protociência, por não se ter o domínio desejado para conhecimentos dessas bases neurofisiológicas. Em um estudo a percepção do tempo durante o estágio do sonho lúcido foi verificada, e as conclusões levam a acreditar que a percepção deste tempo durante o sonho comparado ao estado de vigília são semelhantes. Os indivíduos testados nesta pesquisa recebiam orientações para sinalizar o exato momento em que se tornavam lúcidas em seus sonhos, após isso, dessem um sinal e calculassem um intervalo de dez segundos após esse sinal e após a contagem gerassem outro sinal determinando o fim da contagem, neste caso os cientistas notaram que o tempo de duração média foram estimados era de treze segundos, aproximadamente o que temos num estado de vigília. Outro teste demonstrou que as atividades motoras levam mais tempo para serem realizadas durante o sonho lúcido em comparação com o estado de vigília.

As tarefas realizadas durante o sonho lúcido mostraram alta correlação entre as áreas cerebrais ativadas, portanto, é possível ensaiar tarefas motoras ou cognitiva durante os sonhos ativando as mesmas circuitarias envolvidas durante o estado de vigília, sendo assim, é possível que os sonhos lúcidos desempenhem a função de treinos para determinadas atividades e isso é possível ser detectado graça aos avanços das técnicas de neuroimagem. Alguns estudos já mostraram resultados positivos para esta relação, sendo portanto afirmar que o sonho e aprendizado possuem correlação entre si.

Várias universidades levam pesquisas neste campo, desenvolvendo técnicas e compreendendo melhor os mecanismos neurofisiológicos destes sonhos lúcidos. No mundo, diversas instituições também tentam entender melhor esses sonhos e levam pesquisas de formas independentes. Alguns destes estudos indicam que o sonho parcialmente lúcido, ou não lúcido, são meios de obter o auto-conhecimento. Até o presente momento, nenhum destes estudos, tanto científicos quanto os empíricos, indicaram se o sonho lúcido pode ou não cancelar os benefícios que são obtidos nos sonhos normais.

Algumas pesquisas mostraram que esses sonhos podem não ser produzidos totalmente por sonhos, mas alucinações que ocorrem no cérebro. Alucinações ou não, estes vem sendo cada vez mais estudados para a obtenção de fins terapêuticos pois estudos mostram que a indução do sonho lúcido tem importante aplicação clínica para indivíduos que sofrem com pesadelos recorrentes provenientes da depressão grave e stress pós-traumático. As pessoas que nunca tiveram um sonho lúcido podem se beneficiar deste sonho pois é uma habilidade que pode ser aprendida segundo alguns pesquisadores.

Referências Bibliográficas:

ROSA, Luis Pinguelli; VALENÇA, Alexandre. SONHOS LÚCIDOS: NOVOS HORIZONTES PARA AS QUESTÕES DA APRENDIZAGEM, CONSCIÊNCIA E TERAPIAS.

LABERGE, S. SONHOS LÚCIDOS. 1985. Siciliano, São Paulo, 1990

Russ Dewey (23 de Janeiro de 2008). «Lucid Dreaming FAQ». Psych Web. https://web.archive.org/web/20070313100513/http://www.psychwww.com/asc/ld/faq.html . Consultado em 15 de Junho de 2008. Arquivado do original em 13 de março de 2007

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