Tratamento de doenças com canabidiol

Recentemente o canabidiol, uma das moléculas ativas da Cannabis sativa, tem sido alvo de investigação científica em diversas pesquisas pelo mundo que visam avaliar o potencial terapêutico da substância em vários processos patológicos, que vão desde a fibromialgia severa ao mal de parkinson e outras patologias.

Ilustração: Creativan / Shutterstock.com

Extraído da Cannabis sativa L. popularmente conhecida por seu nome vulgar, a maconha, que possui diversas substâncias químicas ativas chamadas de canabinoides, dentre estas encontramos o Delta 9 tetrahidrocanabinol THC e o canabidiol, também conhecido por CBD. O canabidiol que é uma das moléculas ativas da Cannabis sativa, podendo sua concentração chegar em até 40% dos extratos vegetais, uma de suas vantagens está no fato da molécula ser desprovida dos típicos efeitos psicológicos da maconha em humanos.

O canabidiol é uma substância ativa canabinoide, possuindo ação em receptores canabinóides do cérebro, apesar de baixa afinidade pelos receptores a substância se mostra um potencial antagonista dos receptores canabinoides do tipo CB1 possuindo efeitos antiespasmódicos em determinados locais do corpo, essa molécula também possui efeito agonista de receptores canabinoides do tipo CB2 onde sua relevância farmacológica não foi pré estabelecida apesar de manter potencial ação em efeitos anti inflamatórios induzidos pela substância. O canabidiol também mostrou efeitos inibitórios na reabsorção da anandamida, aumentando assim sua concentração em fendas sinápticas, essa molécula é um neurotransmissor considerado parte do sistema endocanabinóide e foi a primeira molécula desse sistema identificada como parte chave para a sinalização deste.

Alguns estudos mostram que a utilização isolada do canabidiol pode produzir efeitos anticonvulsivos, neuroprotetores, hipnóticos, e efeitos hormonais aumentando o nível de cortisol e corticosterona, outras pesquisas também mostram que esta molécula pode reduzir o metabolismo de drogas via hepática. A droga também mostrou ter efeitos ansiolíticos e antipsicóticos, onde em estudos duplo cego o canabidiol exerceu claramente efeito ansiolítico reduzindo a atividade cerebral ao padrão de atividades ansiolíticas.

De acordo com Matos (2017), o canabidiol também se mostrou como ótima alternativa de tratamento farmacológico no caso da epilepsia refratária uma vez que a droga tem a capacidade impedir danos cerebrais e consequentemente modifica o percurso natural da doença. Visto que a epilepsia causa danos severos, e em alguns casos irreversíveis, ao sistema nervoso central devido ao processo inflamatório, a utilização de meios farmacológicos é imprescindível. A busca por novas terapias é ainda mais importante dado que 30% dos indivíduos epilépticos não responde aos tratamentos disponíveis atualmente no mercado farmacêutico, e quando respondem sofrem com os efeitos colaterais dos medicamentos sintéticos (Moreira, 2017).

A utilização do canabidiol é capaz de reduzir sintomas motores provocados pelo mal de Parkinson sem causar declínio nos estados cognitivos do paciente. Além disso, foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e apresentou efeito terapêutico sobre sintomas do transtorno comportamental do sono REM. Nas dores neuropáticas a substância foi capaz de reduzir as dores causadas pela doença através da utilização de spray e na forma inalatória do extrato. Na esclerose múltipla ainda há controvérsia sobre a utilização da substância pois os efeitos adversos da utilização da droga podem causar complicações devido os sintomas relacionados a doença.

Apesar de haver diversas evidências sobre os efeitos terapêuticos atribuídos aos canabinóides em diversas patologias, principalmente as do sistema nervoso central, ainda é necessário muitos estudos para aprofundar esses estudos e abranger um número maior de indivíduos nessas pesquisas.

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