Ficou conhecida como Primeira Guerra Ítalo-Etíope o primeiro conflito envolvendo o Reino da Itália e o Império Etíope, ocorrido entre dezembro de 1895 e outubro de 1896. Em várias fontes, para se referir à Etiópia, os autores preferem utilizar "Abissínia" (terra dos Habeshas ou Abexins, parte da população etíope que tem sua origem ligada ao histórico Império de Axum, importante potência da antiguidade e embrião do moderno país).
O embate entre Etiópia e Itália assumiria grande destaque dentro da história mundial, pois, pela primeira vez uma potência europeia seria derrotada no campo de batalha por uma nação africana. Importante lembrar que apenas recentemente a escravidão de africanos fora erradicada do continente americano (Brasil e Cuba foram os últimos praticantes) e que o continente africano encontrava-se àquela altura quase todo sob o domínio de potências europeias, sendo Libéria e a própria Etiópia os únicos territórios ainda não colonizados.
Ao mesmo tempo, a Itália, unificada também recentemente, chegara um pouco tarde à partilha colonial realizada no final do século XIX. Tentativas de colonizar a ilha de Bornéu (holandesa e britânica), Angola (portuguesa) e o Chad (em processo de conquista pelos franceses) foram consideradas pelos italianos. Finalmente, o país europeu começa a conquistar o "seu lugar ao sol" ao adquirir a Eritreia (1882) e a Somália (1890). Estes dois territórios estavam a norte e a leste do Império Etíope, e uma invasão do país africano unificaria as colônias italianas, formando um grande território no leste da África.
Como pretexto para a invasão, os italianos utilizaram uma dúbia interpretação do Tratado de Wichale (Ucciali), para declarar um protetorado sobre o país. O governo italiano classificou otratado como prova legal que Menelik II, o monarca etíope, tinha cedido a soberania a Roma. O truque era eminentemente simples, do tipo que tinha sido jogado em governantes nativospor comerciantes e colonizadores europeus durante séculos. Menelik II procurou uma solução diplomática para a controvérsia, enquanto enviava várias expedições ao exterior para adquirir armas, preparando-se para o conflito eminente.
Roma acreditava que apenas 35.000 soldados conquistariam o país (de dimensões equivalentes ao estado do Pará). A 1 de março de 1896, porém, o general Oreste Baratieri, governador da colônia Eritreia, com 14.000 homens, enfrenta as forças etíopes, com cerca de 100 000 soldados, considerados desorganizados, mais uma horda que um exército formal. O episódio é a famosa Batalha de Ádua, onde os etíopes esmagam as forças italianas e conseguem garantir a independência de seu país. Ádua ficaria marcada para ambos os lados, sendo para os etíopes exemplo de orgulho nacional e para os italianos símbolo de vergonha e infâmia de seu exército, numa época em que se acreditava abertamente na superioridade do europeu branco frente ao negro africano. A Etiópia só iria sofrer outra tentativa de colonização pela própria itália, 40 anos depois, em pleno regime fascista, numa ação plenamente condenada pela opinião pública internacional, que já começava a ser opor às ideias colonialistas.
Bibliografia: First Italo-Abyssinian War (1895-1896) (em inglês). Disponível em
First Italo-Abyssinian War 1895-1896 (em inglês). Disponível em
First Italo-Abyssinian War: Battle of Adowa (em inglês). Disponível em
Guerra di Abissinia (em italiano). Disponível em
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