Nos dias atuais estamos acostumados à vida urbana. Decodificamos os signos das cidades, conhecemos as ruas, nomenclaturas e formas de transporte. Mas, para que a vida em cidades complexas tenha se desenvolvido foi preciso um trabalho coletivo que envolveu o domínio da natureza e o desenvolvimento de técnicas específicas. A Revolução Urbana, ainda que em nada se pareça com a nossa experiência urbana do presente, foi o momento chave para o início das sociedades complexas convivendo em cidades.
A Revolução Urbana se deu há aproximadamente 5 mil anos, na região conhecida por Crescente Fértil. Nesta mesma localização ocorreu também a Revolução Agrícola, quando homens e mulheres se sedentarizaram. Diferente da Revolução Agrícola, que se espalhou por toda a região, a Revolução urbana ocorreu pontualmente ao sul da Mesopotâmia e no vale do Nilo. Algumas características explicam essa maior incidência: as condições climáticas de locais como o sul da Mesopotâmia e o vale do Nilo foram decisivas. As chuvas eram raras, mas após as chuvas os alagamentos deixavam as terras férteis, auxiliando na agricultura. Assim, por conta da pouca presença de chuvas, os rios precisavam ser domados para garantir terra fértil durante todas as épocas do ano.
Assim, Egito e Mesopotâmia apresentavam condições favoráveis para a agricultura. No entanto, foi preciso dominar a natureza. Isso envolveu a criação de uma sociedade organizada e a divisão do trabalho, tornando possível a construção de diques e canais. A criação de regras de convívio e de trabalho fez com que os rios fossem dominados e passassem a servir a comunidade ao seu redor, tornando possível a vida de um grande número de pessoas em uma mesma localidade.
Essa transformação na forma de viver em conjunto é considerada uma revolução pois apresentou uma mudança social e econômica bastante significativa. A partir dessas condições efetivou-se uma comunidade sob uma única liderança, a criação de um sistema de regras e normas, o estabelecimento de relações de trabalho e de obras coletivas e culminou na criação das primeiras cidades.
O domínio da agricultura e o processo de sedentarização foram fundamentais para a construção das primeiras cidades. Mas, mais do que isso, o domínio da natureza pela força de trabalho humana determinou o início da vida urbana. A reunião de pessoas agindo de forma organizada e incorporando conhecimento e técnicas para construção de obras que possibilitaram a vida nesses locais foi o fator decisivo para o que chamamos de Revolução Urbana.
Porém, as construções de canais e diques não são os únicos fatores que determinam a vida urbana. Nas experiências no entorno dos rios Tigre e Eufrates e do Nilo, outras características se destacam: foi nesses locais que se desenvolveram as primeiras formas de organização política, os primeiros códigos de normas e regras – como o código de Hamurabi, as grandes obras – como as Pirâmides, os cargos públicos de burocracia estatal, a religião vinculada ao poder central e até mesmo sistema de escrita, como a escrita cuneiforme mesopotâmica.
Aos poucos a vida nas cidades foi se tornando mais complexa e por isso a necessidade de outras matérias-primas ocasionou em uma expansão da forma de vida urbana. O comércio foi, portanto, um ponto chave para expansão da experiência urbana e pequenas aldeias foram transformadas em cidades. Egípcios e sumérios iniciaram um processo de desenvolvimento urbano que se espalhou por diversas partes do globo.
Referência:
PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2011.
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