Sarraceno é um termo histórico utilizado para se referir a um determinado grupo humano, e cujo o significado alterou-se com o passar do tempo. Originalmente, no fim da antiguidade e início da era cristã, tanto na língua grega quanto latina, a palavra se referia a um povo que vivia nos desertos da província romana da Arabia Petraea (atualmente parte de Egito, Arábia Saudita, Jordânia e Síria), e formava uma comunidade totalmente distinta dos árabes. Autores gregos como Ptolomeu se referem a algumas das comunidades da Síria e do Iraque como Sarakenoi. Já na Europa da Alta Idade Média, consideravam-se sarracenos as tribos árabes pré-islam. Por volta do século XII, "sarraceno" passa a ser sinônimo de "muçulmano".
O nome sarraceno, em português deriva do francês antigo "sarrazin", que por sua vez vem do latim "saracenus", e que por fim vem do grego "sarakenos". As origens do termo grego são obscuras, mas os estudiosos acreditam que ele tenha vindo do árabe "sharq" que significa "leste" ou "nascer do sol", talvez na forma adjetiva "sharqiy" ou "oriental".
Na primeira metade do século III, a península arábica era ocupada por três tribos distintas, a taeni, mais tarde identificada como a tribo árabe "tayyi", os árabes, e os sarracenos. Os tayyi ocupavam a área em torno do Oasis Khaybar até o norte do Eufrates. No norte do Hejaz (parte ocidental da península arábica) estavam os sarracenos. Eles eram apontados como inimigos do Império Romano, e que demonstravam grandes habilidades no combate. Eram, portanto, do ponto de vista romano, mais um dos povos "bárbaros".
Outros relatos posteriores, na literatura cristã dão conta de que os sarracenos consistiam em um povo que vivia à margem da cultura estabelecida, invadindo e saqueando constantemente pequenas vilas e cidades, aparentando na realidade um aspecto mais rústico do que assustador.
Com a expansão do islã, no século VII, os sarracenos são absorvidos em meio ao avanço dos árabes, que também irão incorporar a fama de invasores, saqueadores e guerreiros que aqueles tinham. As cruzadas e os constantes enfrentamentos com os europeus solidificarão o moderno significado do termo em meio aos autores ocidentais, tido como uma referência pejorativa. A grosso modo, muçulmanos eram sarracenos, e os cristãos (mesmo os ingleses, em grande número entre os cruzados) eram referidos como francos. Do ponto de vista racial, os sarracenos eram considerados como relacionados aos negros, mas ao mesmo tempo, todo o muçulmano europeu (especialmente os muçulmanos da península balcânica) recebiam frequentemente a mesma denominação. Depois da Idade Média, o termo vai lentamente perdendo popularidade, até se tornar uma referência meramente histórica.
Bibliografia: Mark (?). Ancient Saracen (em inglês). Disponível em:
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