O atual padrão de consumo da sociedade capitalista funciona como uma manifestação de valores e da posição social dos consumidores. A qualidade de vida e a felicidade têm sido cada vez mais relacionadas às conquistas materiais, o que leva a um círculo vicioso: o indivíduo trabalha para consumir sempre mais. O indivíduo consome para ter uma identidade social, fazer parte de um grupo e criar vínculos. Mas este padrão de consumo é ambientalmente insustentável, pois o uso excessivo de recursos naturais e a grande quantidade de resíduos gerados contribuem para a degradação ambiental.
Diante deste cenário, o consumo sustentável surge como uma das alternativas para solucionar os problemas ambientais causados pelos atuais padrões de produção e consumo de bens. O consumo sustentável caracteriza-se pelo consumo de bens e serviços com respeito aos recursos naturais, de modo que as necessidades das presentes gerações sejam atendidas sem que haja prejuízo para as próximas gerações. Consiste na aquisição de bens e serviços que atendam às necessidades básicas das pessoas, priorizando a minimização da degradação ambiental.
O consumo sustentável vai além do chamado “consumo verde”, que consiste na escolha por parte dos consumidores de produtos que não agridam o meio ambiente, desde a produção até o descarte, são os produtos “ecologicamente corretos”. Ou seja, os consumidores verdes são estimulados a trocar uma marca por outra, enquanto o consumo sustentável é um objetivo a ser atingido através de ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e institucionais que priorizem a redução e a modificação nos padrões de consumo e não apenas a substituição de produtos.
O consumidor assume um papel fundamental no alcance do consumo sustentável. Antes de comprar qualquer coisa devemos nos questionar se realmente precisamos deste produto, é necessário estabelecer uma distinção entre necessidades e desejos. As necessidades estão relacionadas a tudo que é indispensável (alimentação, moradia digna, vestuário), enquanto os desejos têm origem psicológica e são infinitos. Devemos tentar viver com menos e não adquirir bens supérfluos.
Além disso, devemos incorporar em nossas vidas várias atitudes sustentáveis que ao longo do tempo se tornarão um hábito, como: priorizar produtos e serviços produzidos com respeito ao meio ambiente no momento da compra, levar uma sacola própria para fazer as compras, evitar produtos descartáveis, reutilizar materiais, separar corretamente o lixo para reciclagem, economizar água, não desperdiçar alimentos, deixar o carro em casa sempre que possível, cobrar providências dos governantes e valorizar empresas que são responsáveis ambientalmente.
Já o governo tem a responsabilidade de desenvolver políticas publicas e programas educacionais para conscientizar e incentivar o consumo sustentável, apoiar pesquisas voltadas ao desenvolvimento de tecnologias limpas, elaborar e regularizar leis, normas e guias que promovam mudanças nos padrões de consumo, lançar editais para a compra de produtos sustentáveis, entre outras ações.
A atuação das empresas também é essencial na busca pelo consumo sustentável. Para isso, as empresas devem adotar algumas medidas, como: considerar os aspectos ambientais e não somente os econômicos na fabricação de produtos, praticar a máxima redução no consumo de energia e recursos naturais e na geração de resíduos durante os processos de fabricação, realizar publicidade não voltada a estimular o consumismo, desenvolver junto aos colaboradores práticas do consumo sustentável dentro da própria empresa, como aproveitar a luz natural, desligar luzes dos corredores, evitar a impressão de papel, eliminar o uso de copos descartáveis, etc.
Esse conjunto de ações ainda não engloba toda a complexidade que o consumo sustentável representa, mas são responsabilidades possíveis de serem assumidas e implementadas por todos os envolvidos neste processo e por isso contribuem de maneira significativa para mudanças nos padrões de produção e consumo.
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Referências:
Gonçalves-Dias, S. L. F., & Moura, C. 2007. Consumo Sustentável: muito além do consumo “verde”. Anais do XXXI Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Sequinel, M. C. M. & Caron, A. Consumo sustentável: Uma questão educacional e de múltiplas responsabilidades. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n.16, 2010.
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