A decomposição da matéria orgânica é um processo fundamental para o funcionamento dos ecossistemas, responsável pela ciclagem de nutrientes. Ao realizarem este processo, microrganismos decompositores aeróbicos consomem uma determinada quantidade de oxigênio dissolvido da água. Assim, a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica através da decomposição aeróbia realizada por microrganismos no meio aquático.
Geralmente nos ambientes aquáticos naturais pouco poluídos a concentração de matéria orgânica é baixa, proveniente de plantas mortas e restos de animais. Assim, a demanda bioquímica de oxigênio também é baixa, enquanto a concentração de oxigênio dissolvido é elevada, mantendo o equilíbrio local. Nestes ambientes o consumo de oxigênio para a decomposição de matéria orgânica é compensado pelo oxigênio produzido na fotossíntese e pela aeração da água.
Por outro lado, águas poluídas, principalmente por efluentes domésticos e industriais ricos em matéria orgânica, necessitam que uma grande quantidade de oxigênio seja consumida pelos microrganismos que atuam na decomposição desta matéria. Com isso, a concentração de oxigênio dissolvido destas águas diminui significativamente, podendo inclusive ocorrer o completo esgotamento de oxigênio, provocando a morte de peixes e outros organismos aquáticos e causando o desequilíbrio nestes ambientes. Por isso, a DBO é um parâmetro crucial para o controle da poluição dos corpos hídricos, fazendo parte dos índices de qualidade das águas. Quanto maior a DBO, mais poluída por matéria orgânica está a água.
A DBO também é um parâmetro importante no que se refere ao tratamento de esgotos. Em uma estação de tratamento de esgoto (ETE) os efluentes passam pelo tratamento primário e em seguida são encaminhados ao tratamento secundário, que consiste no tratamento biológico pela ação de microrganismos que degradam a matéria orgânica presente nestes efluentes, ou seja, reduzindo a DBO. Assim, através do cálculo da DBO, é possível determinar a quantidade de oxigênio que deverá ser fornecida ao sistema de tratamento para que os microrganismos possam degradar a matéria orgânica. Além disso, a análise de DBO de um efluente tratado ou não é necessária para saber se este efluente pode ser lançado em um curso d’água sem comprometer os níveis oxigênio dissolvido desta água. Portanto, a DBO é um ótimo índice para avaliar a eficiência de uma ETE.
De maneira simples, o teste padrão para determinar a DBO é realizado da seguinte forma: a amostra que será analisada é coletada e no mesmo dia determina-se a concentração de oxigênio dissolvido (OD) presente nessa amostra, que em seguida é mantida em um frasco fechado e incubada a 20° durante cinco dias. Após este período a concentração de OD da amostra é medida novamente. Assim, a diferença entre a concentração de OD no dia zero e no quinto dia é a DBO5, que representa a quantidade de OD consumida para oxidar a matéria orgânica presente na amostra. Conforme o seguinte exemplo:
OD no dia zero = 8mg/L
OD no dia 5 = 3mg/L
DBO5 = 8 – 3 = 5mg/L
Referências:
Von Sperling, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos (Princípios do tratamento biológico de águas residuárias). v.1, 3ª Ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.
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