Quando falamos em escravidão costumamos lembrar da escravidão moderna, feita a partir do tráfico atlântico, quando homens e mulheres africanos foram retirados à força do continente e enviados para o trabalho, especialmente nas colônias americanas. No entanto, processos de escravidão ocorreram na antiguidade em diversas sociedades, inclusive na romana. Porém, não podemos igualar ou compreender da mesma forma a escravidão antiga e a escravidão moderna. Na Roma Antiga os escravos eram conquistados em guerras ou através de dívidas. A mais fundamental diferença é justamente essa: os romanos não conquistavam escravos focando em um único povo. Eram negociações, processos de guerra ou dívidas internas. A escravidão moderna foi efetivada com base na subjugação e exploração de um povo por outro. A palavra escravo deriva da palavra grega eslavos, que serviu para representar os primeiros escravizados pelos romanos, um povo que se localizava no leste europeu.
Quando uma pessoa se tornava escravo de alguém ela passava a exercer diversas funções para o seu patrão. Assim, passavam a atuar não só na agricultura como também nas manufaturas e na vida administrativa. Atuavam também como gladiadores e como professores. Realizavam diversas tarefas para seus patrões. A relação entre patrão e escravos era também marcada por relações sexuais. Era comum entre as elites romanas que os homens se relacionassem não apenas com as mulheres, mas também com outros homens, inclusive com seus escravos.
Os escravos, mesmo vivendo sob as regras e formas de vida romanos, e embora não fossem considerados cidadãos romanos, continuavam a viver suas culturas de origem, mantendo suas identidades. A escravidão foi tão presente no território romano que os números são significativos. Por exemplo, durante o governo de Augusto, no século I a.C., estima-se que trinta e cinco por cento da população fosse escrava, o que correspondia a dois milhões de habitantes. No período republicano a sociedade romana era dividida em patrícios e plebeus. Os primeiros ocupavam os cargos públicos e governavam em benefício próprio. Assim, pouca era a participação política possível para os plebeus, que não exerciam poderes plenos de cidadania. Foi a partir de uma série de lutas que os plebeus conquistaram alguns direitos, como o fim da escravidão por dívidas, a criação do Tribuno da Plebe e a possibilidade de casamento entre patrícios e plebeus, garantindo não só a participação plebeia na vida pública como também a possibilidade de prosperarem socialmente. Os escravos alforriados, chamados libertos, conquistavam alguns poderes políticos. Já os direitos plenos só poderiam ser adquiridos pelos seus descendentes, que já nasciam livres.
Movimentos de revoltas e fugas eram bastante comuns. A revolta mais conhecida foi a revolta de Espártaco, um homem da Trácia, localizada na Europa oriental, que fez parte do exército romano, mas abandonou seu posto e formou um bando de saqueadores. Acabou preso e foi vendido como escravo para um treinador de gladiadores. Insatisfeito com a sua situação de escravo reuniu os demais para fugirem e organizarem uma revolta em 73 a.C. Sua revolta conseguiu angariar muitos adeptos, chegando ao número de noventa mil revoltosos, que se juntaram a Espártaco e ficaram sob o seu comando. O grupo conseguiu derrotar dois cônsules no ano seguinte e em 71 a.C. foram derrotados, mas deixaram as marcas de sua revolta. As várias revoltas ocorridas ao longo do império contribuíram também para a queda de Roma. O movimento de Espártaco foi tão impressionante que por muito tempo foi usado para representar movimentos de resistência e revoltas contra opressões.
Referência:
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.
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