O naturalista Charles Robert Darwin redigiu seu argumento global para a evolução por seleção natural e publicou em novembro de 1859 o seu livro On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (A Origem das Espécies), sendo aceito como um dos mais influentes e importantes livros de todos os tempos. Outros cientistas propuseram teorias de evolução, mas não puderam explicar de maneira convincente o mecanismo pelo qual o processo teria ocorrido, como Jean Baptiste de Lamarck (1744-1829). O mecanismo apresentado por Darwin para o processo evolutivo foi convincente e aceito de modo que não houveram dúvidas científicas lógicas para contestação. A seleção natural, de acordo com a teoria da evolução moderna, é a principal força que altera a frequência gênica, a composição do conjunto gênico. Outros agentes podem alterar a composição do conjunto gênico de uma população, como: mutações, fluxo gênico, deriva genética e cruzamento preferencial.
A genética de populações é um ramo novo da biologia que surgiu a partir da síntese dos princípios mendelianos com a evolução darwiniana. Uma população é definida como um grupo local de indivíduos potencialmente reprodutores da mesma espécie. Com isso podemos considerar espécie como um grupo de populações com potencial para intercruzar na natureza. Outros conceitos de espécie são reconhecidos, como o fenético e o ecológico, mas as variações do conceito de espécie impede que uma definição universal de espécie seja aplicável a todos os animais, plantas e microrganismos. Com tudo, muitas espécies se distinguem uma das outras por serem reprodutivamente isoladas. Este pode não ser o evento crucial da especiação mas é um evento-chave para a origem de novas espécies.
A partir de um caráter homólogo é possível a reconstrução do processo evolutivo ao retroceder em direção ao mais recente ancestral comum a duas ou mais espécies. Uma homologia ou um caráter homólogo é um caráter compartilhado por duas ou mais espécies presente no ancestral comum a eles. Se esse ancestral tiver o mesmo caráter, então o caráter das duas espécies descendentes é semelhante por sua ascendência evolutiva comum e é uma homologia. Se o ancestral comum tem uma condição diferente quanto ao referido caráter, então o caráter evoluiu independentemente nas duas espécies descendentes e é uma homoplasia. Uma homoplasia é um caráter compartilhado por duas ou mais espécies que não estava presente no ancestral comum a elas. As homologias podem revelar relações filogenéticas. As homoplasias não podem.
Especiação é a evolução do isolamento reprodutivo entre duas populações. Existem dois processos principais pelo qual o isolamento reprodutivo pode evoluir. O primeiro é pelo subproduto da divergência evolutiva (ou evolução divergente) entre duas populações, o outro por um favorecimento direto em um processo chamado reforço. Existem extensas evidências e grande conhecimento teórico sobre a especiação como subproduto da divergência entre populações que provém de experimentos laboratoriais e observação biogeográfica. A teoria do reforço é controversa e as evidências são inconclusivas.
Há diversas condições geográficas das populações em especiação existentes. A especiação alopátrica é o processo pelo qual uma nova espécie evolui geograficamente isolada de seu ancestral. Na especiação parapátrica a nova espécie evolui em uma população geograficamente contígua. A especiação simpátrica ocorre quando uma nova espécie evolui no mesmo âmbito geográfico do seu ancestral. A maioria dos biólogos aceitam que ocorra especiação alopátrica. Os outros dois processos evolutivos são considerados mais duvidosos.
Novas espécies podem se originar a partir do subproduto da divergência em populações alopátricas segundo evidências laboratoriais que ilustram como populações de uma espécie que estão evoluindo separadamente em algum momento passam a sofrer especiação (desenvolver isolamento reprodutivo) e observações biogeográficas.
Quando duas populações separadas geograficamente estão evoluindo de modo independente, genes diferentes serão fixados em cada uma delas, seja por deriva ou por adaptação a ambientes diversos. A teoria da especiação alopátrica sugere que, em consequência, essas duas populações também desenvolverão, pelo menos algumas vezes, algum grau de isolamento reprodutivo.
Referências bibliográficas:
Raven, P. H.; Eichhorn, S. E.; Evert, R. F. Biologia Vegetal. 8ª ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2014
Mark Ridley. Evolução. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/evolucao-divergente/
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