Guaraná é o fruto de uma espécie de liana nativa da região amazônica pertencente à família Sapindaceae cuja semente é utilizada para produção do guaraná em pó e xarope. Sua etimologia é derivada da palavra indígena “wara’ná” que significa árvore que sobe em outra.
O guaraná pertence a espécie Paullinia cupana Kunth e tem como sinônimo heterotípico Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.) Ducke e Paullinia sorbilis T. Mart. O guaraná ocorre na região norte do Brasil, nos estados do Acre, Amazonas e Pará, estando presente em florestas ciliares, de terra firme e na várzea amazônica.
É uma planta conhecida por ser cultivada pelos indígenas brasileiros há muito tempo principalmente em Maués, no estado do Amazonas. O Brasil é o único país a produzir guaraná em escala comercial e os principais estados produtores estão entre a Bahia, Mato Grosso, Amazonas, Acre e Pará. Do guaraná se utiliza os frutos, mais especificamente a semente, a qual é pilada e triturada após ser seca, originando o pó do guaraná. Os frutos são colhidos manualmente quando estão maduros e reunidos em recipientes onde é adicionado água para facilitar a separação da polpa e da semente. Após este tratamento as sementes são levadas para secarem ao sol e são transferidas para tachos de metal ou fornos de barro, onde serão torradas. Após o resfriamento, as sementes são acondicionadas em sacos de juta ou balaios de fibra vegetal e transportadas para outros centros, onde são transformadas em pó por meio de moinhos elétricos.
A Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) faz a estimativa da produção de sementes de guaraná no país. Aproximadamente 70% do total da produção é absorvida pela indústria de refrigerantes e os 30% restantes abastecem o mercado interno e externo, na forma de pó, bastão, extrato e xarope. O pó de guaraná é utilizado na medicina popular como dietético alimentar, estimulante orgânico (por conter cafeína), analgésico, antipirético, antifermentativo, diurético, antioxidante, tônico vascular e considerado como elixir de longa vida. A cafeína, um dos compostos químicos do guaraná, é uma substância psicoativa, um alcaloide derivado metilado de bases purínicas, identificado com a estrutura 1,3,7-trimetilxantina, está presente nas sementes do guaraná e em outras cerca de 63 espécies de plantas. A investigação científica aponta para resultados positivos sobre os possíveis efeitos da ingestão de guaraná. Os resultados estão relacionados a uma melhora nos casos de doenças metabólicas cardiovasculares, ligadas ao metabolismo lipídico e oxidação de proteína de alta densidade, a atividade biológica antioxidante dos polissacarídeos, o efeito protetivo em fibroblaste NIH-3T3 e a melhoria de pacientes com câncer no seio submetidos a tratamento quimioterápicos.
Os extratos do guaraná e seu uso corrente como bebida e outras formas de consumo são considerados benéficos para a saúde humana. No entanto, em doses elevadas podem causar efeito citotóxicos. Doses de até 20 mg/mL do extrato de guaraná apresentam menores impactos sobre a viabilidade das células da linhagem NIH3T3, indicando menor toxicidade nesta faixa de doses. O consumo de guaraná teve um importante aumento, tanto no Brasil quanto no exterior. A estrutura química do guaraná é predominantemente insaturada, portanto, suscetível à oxidação. As tribos indígenas ainda usam o guaraná produzido em sua forma tradicional na forma de bastões defumados que são preparados artesanalmente a partir das sementes secas e trituradas em pilão de madeira e submetidos à defumação em fornos. Os indígenas ralam os bastões de guaraná na língua seca do peixe pirarucu para os rituais, durante as pescas e na caça de animais.
Referências bibliográficas:
Paullinia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
Tfouni, S. A. V. et al. Contribuição do guaraná em pó (Paullinia cupana) como fonte de cafeína na dieta. Rev. Nutr. [online]. 2007, vol.20, n.1 [citado 2019-12-20], pp.63-68. Acessado em:
Silva, W. G., Rovellini, P., Fusari, P., Venturini, S. Guaraná – Paullinia cupana, (H. B. K.): Estudo da oxidação das formas em pó e em bastões defumados. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 14, n.2, p. 117-123, 2015
Bittencourt, A. B. C., Bittencourt, L. S., Marinowic, D. R., Cruz, I. B. M., Machado, D. C. Efeitos de extrato de Paullinia cupana (guaraná) em linhagem de fibroblastos NIH3T3. XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS (resumo expandido).
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/plantas/guarana/
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