Pupunha (Bactris gasipaes Kunth) é uma palmeira da família Arecaceae cujo fruto é servido como alimento cozido na região norte do Brasil.
A pupunha é uma palmeira que pode atingir até 25 m de altura com 10 a 25 cm de diâmetro. A planta forma uma touceira com até 15 perfilhos espinhosos De origem nativa e não endêmica do Brasil, está distribuída geograficamente pelos estados do Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia), Centro-Oeste (Mato Grosso) estando presente pelo domínio fitogeográfico Amazônico. Ocorre em áreas antropizadas, em floresta de terra firme e ombrófila (=floresta pluvial). A pupunheira é uma palmeira de clima tropical, foi uma das primeiras plantas domesticadas pelos indígenas em tempos pré-colombianos, provavelmente no sudoeste da Amazônia.
Os frutos e o palmito são as partes da planta que podem ser aproveitadas com maior interesse econômico. O fruto varia na cor da casca, no teor do óleo e no tamanho, além de existirem frutos sem sementes. A floração ocorre entre agosto e outubro e a frutificação entre dezembro e março, raro em abril. Indivíduos podem reproduzir fora do período de safra em períodos com chuvas mais abundantes e solos mais ricos em nutrientes. A pupunha produz cerca de 5 a 10 cachos por ano. No período mais chuvoso chegam a produzir 25 cachos por ano. Cada cacho de pupunha pesa entre 2 a 12 quilos e contém aproximadamente 100 frutos, podendo atingir até 400 frutos por cacho. Uma pupunheira pode produzir de 10 a 120 quilos de fruto. A colheita de 1 hectare pode variar de 4 a 10 toneladas por ano. Às vezes, ocorre baixa produção por causa da polinização insuficiente, pela falta de chuva, falta de matéria orgânica no solo ou pelos solos compactados.
Animais silvestres como pássaros grandes, veados e jacu gostam de pupunha e comem o fruto embaixo da palmeira. O fruto pode ser comido cozido e é um costume come-lo junto com café preto como lanche da tarde. Também é utilizado para fazer farinha. Da farinha se faz pão ou bolo, ou ainda ração para animais domésticos.
A pupunha é cultivada para o palmito no sul da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais, sul de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná assim como na Costa Rica e Equador. O óleo da pupunha é utilizado para alisar o cabelo e para o cozimento.
A madeira é de cor preta, com linhas amarelas, muito bonita quando bem trabalhada, servindo para movelaria e artesanato. As tribos indígenas do alto dos rios Solimões e Negro, no Amazonas, fazem uma festa durante a safra da pupunha. A festa é regada por caissuma (bebida ingerida pelos indígenas) e por comidas feitas com os frutos cozidos e farinha. A polpa fresca da pupunha possui proteína, óleo, carboidratos, principalmente amido. Também possui caroteno, o que explica a cor amarela, alaranjada ou até avermelhada. Também oferece minérios como o cálcio, ferro e fósforo. Algumas pessoas gostam de comer os frutos de pupunha preparados como batatas fritas. Cortam as frutas cozidas em fatias finas, fritam e comem com sal.
Inicialmente a pupunheira foi domesticada para extração de madeira e mais tarde para o consumo do fruto e do palmito. Os primeiros frutos da pupunha eram oleosos. Com o avanço da domesticação foram obtendo mais amido. Atualmente o fruto é consumido por muitas tribos indígenas, por moradores rurais e por pessoas nas cidades da Amazônia. Os cachos de frutas são vendidos nas feiras e nos supermercados.
Morfologicamente a pupunha possui folha pinada, com disposição das pinas irregularmente agrupadas em diferentes ângulos, lineares e numerosas. Inflorescência intrafoliar, ramificada. Brácteas do pedúnculo espinescentes. Fruto obovoide a ovoides, amarelado, laranja, vermelho. A planta é polinizada por gorgulhos e besouros.
Referências bibliográficas
Bactris in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
Shanley, P. Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. Belém: CIFOR, Imazon, 300p. 2005.
Galdino, N.O., Clemente, E. Palmito de pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) composição mineral e cinética de enzimas oxidativas. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 28(3):540-544, jul-set. 2008.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/plantas/pupunha/
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