Frei Caneca

Este é um nome bastante conhecido pelo país afora. Frei Caneca nomeia diversas ruas e avenidas em diversas cidades do Brasil. Ele foi um líder revolucionário que atuou no início do século XIX em favor das ideias liberais, especialmente na defesa de uma república federalista para o país. Nascido no Recife em 20 de agosto de 1779, seu nome era Joaquim da Silva Rabelo, filho dos portugueses Domingos da Silva Rabelo e Francisca Maria Alexandrina de Siqueira, destacou-se como professor, jornalista, religioso e, principalmente, como líder revolucionário. Por conta de sua formação religiosa, ordenou-se em 1801, quando passou a ser conhecido como Joaquim do Amor Divino Caneca, ou, como é mais popularmente conhecido, Frei Caneca.

"A Execução de Frei Caneca", obra de Murillo de La Greca.

Pernambuco era uma bomba prestes a explodir no início do século XIX. Circulavam ideias revolucionárias e republicanas, e lideranças políticas ganhavam a confiança da população. Foi neste cenário que dois importantes movimentos aconteceram: a Revolução Pernambucana, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824. Ambos os movimentos ocorreram em Pernambuco em um contexto de formação e construção da nação. É preciso lembrar que nas proximidades do Brasil as antigas colônias espanholas foram se tornando independentes e fazendo das novas nações, nações republicanas, ou seja, o republicanismo parecia estar espalhado pela América, mas por aqui ainda se insistiu – e muito! – no regime monárquico.

A Revolução Pernambucana foi o primeiro movimento pernambucano de contestação às normas impostas pela presença da família real. Questionavam os gastos e, acima de tudo, o absolutismo monárquico. Assim, as lideranças se reuniram com o objetivo de questionar diretamente os rumos que estavam ali se desenhando. Houve, portando, a defesa de um modelo liberal de estado. Esse modelo foi bastante difundido, e, diferente do projeto centralizador de poder, que fazia Pernambuco enviar ao Rio de Janeiro boa parte da sua arrecadação. A Capitania era à época uma das mais lucrativas e via seu dinheiro sendo utilizado para garantir luxos e tudo mais que envolvia a presença da família real na corte, Rio de Janeiro. Foi no levante pernambucano que a república foi proclamada pela primeira vez por aqui, o que durou muito pouco, mas que deixou marcas profundas na sociedade brasileira. O movimento foi duramente repreendido, mas ressurgiu forte, alguns anos depois.

Em 1824 eclodiu a chamada Confederação do Equador. Pernambuco havia ficado frustrado com a constituição de 1824, que instituía o poder moderador e era um exemplo de centralização de poder e do absolutismo monárquico: tudo aquilo que os republicanos federalistas pernambucanos abominavam. Assim, as ideias de república continuaram a circular por lá. A província era dividida em dois grupos: um grupo monarquista e outro liberal republicano. D. Pedro I nomeou Pais Barreto como presidente da província, gerando revolta e contestação. Os liberais republicanos pressionaram e fizeram com que Barreto renunciasse ao cargo, assumindo então Manuel Pires de Andrade.

Observando a movimentação perigosa e atípica em Pernambuco, D. Pedro I insistiu na recondução da província ao líder por ele indicado e tentou fazer com que Pais Barreto voltasse ao poder, ação que não obteve sucesso. Os liberais reagiram à intervenção do imperador e recusaram-se a dar posse novamente ao nome indicado por D. Pedro I. Foi aí que começou o novo levante e em 2 de julho de 1824 é declarada a independência de Pernambuco, que buscou apoios vizinhos tentando leva-los junto no projeto de independência, especialmente a partir das províncias do Norte e do Nordeste brasileiro. Essa união recebeu o nome de Confederação do Equador e seus líderes acreditavam que cabia ao Brasil seguir o modelo norte americano.

O levante durou pouco tempo. Logo começaram as perseguições, prisões e execuções políticas. Para conter o levante, D. Pedro II tentou acabar com os revoltosos, condenando-os. Pouco tempo depois os republicanos liberais pernambucanos foram derrotados e seus líderes foram assassinados ou presos. Foi o que aconteceu com Joaquim do Amor Divino: Frei Caneca. Ele foi preso e posteriormente foi condenado à morte. Para cumprir sua pena, foi executado e faleceu em 1825.

Referência:

SCHWARCZ, Lilia. STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das letras, 2015.

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