Guerra dos Palmares

Ocorrida na Capitania de Pernambuco, no atual estado de Alagoas, a Guerra dos Palmares foi uma longa tentativa da Coroa Portuguesa de acabar com a sociedade rebelde que se formava na região, em meados no século XVII, contra o sistema escravista.

O Quilombo dos Palmares foi fundado na intenção de construir uma sociedade longe do poder dos senhores de engenho, especialmente do trabalho no cultivo do açúcar, o principal produto da economia da colônia no período. Assim, escravizados nas fazendas rebelaram-se e, em fuga, buscaram novas formas de vida, libertando-se do trabalho compulsório e da escravidão.

Inicialmente o Quilombo foi formado por africanos, especialmente vindos do Congo e de Angola. O número de escravizados vindos de Angola era tanto que ficou conhecido também como Refúgio de Angola Janga – a pequena Angola na América Portuguesa.

A vida comunitária nos quilombos era bastante organizada, com regras administrativas, leis e governo próprios. Para a Coroa Portuguesa, o Quilombo dos Palmares caracterizava-se como uma “República”, o que para o período significava um espaço de autonomia.

Palmares chegou a abrigar aproximadamente vinte mil habitantes, um número bastante expressivo. Os quilombolas estimulavam a fuga em massa dos engenhos, travavam comércio com as vilas mais próximas e promoviam assaltos a engenhos. Tudo isso em forma de resistência e sobrevivência.

Durante todo o século XVII Palmares sofreu com as investidas da Coroa. Em 1612 conheceu a primeira expedição e somente em 1695, com a morte de Zumbi, a última aconteceu.

Mas é especialmente em meados do século XVII que Palmares tem seu auge mas também o maior número de tentativas de acabar com o espaço de liberdade. Entre 1644 e 1645, durante as ocupações holandesas, a Companhia das Índias Ocidentais ordenou ataques ao Quilombo. A operação não foi bem-sucedida e deixou os holandeses suscetíveis às emboscadas dos quilombolas. Com a crise nas invasões, Palmares cresce. Segundo Lilia Schwarcz e Heloisa Starling a população dos quilombos parece agir quando a sociedade escravista entrava em crise, aproveitando o momento conflituoso na Coroa.

Cresce assim a fama de Palmares na América Portuguesa e, com isso, expedições, ataques, fim das relações comerciais começam a ser fomentados pela Coroa. Mesmo não conseguindo conter o crescimento do Quilombo provocam divisões internas nas lideranças.

Em 1678 um acordo de paz é proposto e portugueses e rebeldes, liderados então por Ganga Zumba – nascido no Congo e primeiro líder de Palmares – encontram-se. Com o acordo, escravizados fugidos deveriam ser devolvidos à Coroa (menos os já nascidos no Quilombo) e, em contrapartida, Portugal garantia alforria e terras aos habitantes de Palmares.

O acordo de Paz, aceito por Ganga Zumba, opôs este a Zumbi e Dandara, anulando a unidade na sociedade quilombola. Ganga Zumba é envenenado e após o acontecido Zumbi lidera a guerra contra a Coroa e garante autonomia e liberdade.

O fim da guerra chefiada por Zumbi tem um fim trágico. Em 1694, com a queda da Cerca Real do Macaco (Capital de Palmares) tem-se a derrota e destruição de Palmares, bem como o suicídio de Dandara, liderança feminina que preferiu a guerra constante e a morte que a volta à escravidão. Seu lugar de protagonismo nesta história é comumente negligenciado, mas é preciso atribuir à Dandara sua importância na luta pela liberdade e contra a escravidão.

Zumbi tem sua morte em 20 de novembro de 1695 e a data foi estabelecida em 1995 – quando completava trezentos anos de história – como Dia da Consciência Negra.

Palmares é símbolo da luta negra e da resistência. Seus personagens não foram apenas vítimas passivas mas agentes da história de combate e luta pela liberdade.

Referências bibliográficas:

http://cordeisdaspreta.wixsite.com/cordeldaspreta/descricao-das-mulheres

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/o-que-houve-em-palmares

SCHWARCZ, Lilia & STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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