A Mata dos Cocais é um tipo de cobertura vegetal situada entre as florestas úmidas da região Norte e as terras semiáridas do Nordeste do Brasil, sendo uma zona de transição entre os biomas Caatinga, Floresta Amazônica e Cerrado. Abrange predominantemente o Meio-Norte (sub-região formada pelos estados do Maranhão e Piauí), mas também se estende pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Tocantins.
Influenciado pela sua localização, esse bioma possui três tipos de climas: equatorial úmido - quente e chuvoso, predominando em menos de 20% do bioma; tropical semiúmido - predomina em mais de 65%, com estações secas e úmidas bem definidas e temperaturas médias elevadas; tropical semiárido – quente e seco, com chuvas escassas e irregulares, predomina em 15% do bioma.
A Mata dos Cocais se formou ocupando lacunas de outras formações vegetais (cerrados e florestas amazonenses), que foram desmatadas para criação de pasto e exploração de madeira. Seu solo é rico em minérios como ferro, ouro, diamante, bauxita, alumínio e níquel. Uma característica interessante é que o solo, na região dos cocais, possui um lençol freático pouco profundo, permanecendo úmido o ano inteiro.
A vegetação da Mata dos Cocais é dominada pela palmeira babaçu (sendo a mais importante a Orbignya speciosa), que predomina nos locais mais úmidos como o Maranhão, norte do Tocantins e oeste do Piauí. Na área menos úmida, que abrange o leste do Piauí e litorais do Ceará e Rio Grande do Norte, predomina a palmeira carnaúba (Copernicia cerifera). As outras principais palmeiras são o buriti (Mauritia flexuosa) e a oiticica (Licania rigida). Uma grande quantidade de arbustos e vegetações de pequeno porte também são encontradas nos locais de menores altitudes.
O babaçu chega a atingir 20 metros de altura e uma árvore pode produzir até 2.000 frutos (cocos) por ano. Dentro dos frutos existem as amêndoas, das quais é extraído um óleo muito utilizado em diversas indústrias (alimentícias, farmacêuticas, químicas, etc.). Outras partes do coco também são aproveitadas, como o epicarpo (camada externa), que é utilizado na produção de estofados, embalagens, vasos, placas, etc.
A carnaúba também é utilizada de várias formas. O uso mais importante é a extração da cera de suas folhas, que é utilizada na fabricação de diversos produtos. Assim, a Mata dos Cocais representa uma importante fonte de renda para a população local.
A fauna nesse bioma é muito diversa, destacando-se a arara-vermelha, gavião-real, jaguatirica, lobo-guará, macaco cuxiú (endêmico do Brasil) e outras muitas espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Nos rios vivem a ariranha, o boto, o acará-bandeira (peixe), entre outros.
A Mata dos Cocais está sendo prejudicada pelo desmatamento desordenado para desenvolvimento da pecuária e cultura de soja. Além disso, a extração de minerais que ocorre nesse ambiente acaba por fragilizá-lo ainda mais.
Referências: Santos-Filho, F. S. Cocais: zona ecotonal natural ou artificial? Revista Equador (UFPI), Vol.1, Nº 1, p. 02 -13. Piauí. 2013.
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