A bacia Amazônica possui uma grande diversidade de corpos d’água (rios, lagos, riachos, córregos, igapós, várzeas alagadas). É nessa bacia que se encontra a maior diversidade de peixes de água doce do mundo, com cerca de 85% das espécies de peixes da América do Sul. Conhecer toda essa diversidade não é tarefa simples, mas especialistas afirmam que existem entre 2.500 e 3.000 espécies de peixes já conhecidas. Novas espécies são descritas a cada ano, dificultando a determinação da real riqueza desse ambiente e refletindo na enorme variação entre as estimativas feitas.
A ictiofauna amazônica é representada principalmente por peixes da ordem Characiformes, um dos maiores grupos de peixes de água doce que inclui as piabas, lambaris, pacus, piranhas, traíras e outras. Essa ordem representa cerca de 43% das espécies na Amazônia, com uma grande variedade de tamanhos, que vão desde miniaturas até espécies de grande porte. Entre as espécies destacam-se o matrinxã (Brycon amazonicus e B. cephalus), que apresenta grande importância como recurso alimentar e grande potencial para a piscicultura intensiva na bacia Amazônica; o tambaqui (Colossoma macropomum), uma espécie muito apreciada para o consumo humano e com grande importância econômica para a piscicultura nacional; e o curimbatá (gênero Prochilodus) que possui importância econômica tanto para a pesca quanto para a piscicultura.
A ordem Siluriformes, que inclui os bagres e cascudos, também está bem representada na bacia Amazônica, sendo geralmente a segunda ordem com o maior número de espécies. Os bagres amazônicos estão entre as espécies preferidas pela indústria pesqueira. A dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) e a piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) são espécies conhecidas como grandes bagres amazônicos e são alvos preferenciais da pesca em praticamente toda sua área de distribuição. Também se destacam por serem as que realizam a mais longa migração entre os peixes de água doce do planeta.
Os tucunarés (gênero Cichla) pertencem à ordem Perciformes, são nativos da bacia amazônica e representam um importante recurso pesqueiro nessa região, tanto para a pescaria profissional quanto para a pescaria esportiva e de subsistência. Chamam a atenção por possuírem uma coloração diferenciada, grande porte e pela luta que travam quando são capturados. Por causa de sua importância econômica, os tucunarés têm sido introduzidos em muitas bacias do Brasil, gerando desequilíbrios nesses ambientes.
Outra importante espécie é o pirarucu (Arapaima gigas, ordem Osteoglossiformes), que é endêmico da bacia amazônica e considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo alcançar 200 kg de peso. O pirarucu possui respiração aérea obrigatória, por isso precisa subir até a superfície em um intervalo médio de 15 minutos para capturar ar atmosférico. A intensa exploração dos estoques naturais e a falta de uma fiscalização eficaz da pesca e do comércio levou ao desaparecimento dessa espécie em diversos locais, e em várias regiões da bacia ela está ameaçada de extinção.
Um peixe amazônico bastante interessante é o poraquê, conhecido como peixe elétrico e pertencente à ordem Gymnotiformes. Electrophorus electricus é a espécie mais conhecida, mas recentemente duas novas espécies foram descritas (E. voltai e E. varii). O gênero Electrophorus reúne as espécies de peixes com a maior descarga elétrica conhecida, que é utilizada para defesa e caça, atordoando a presa com um choque que pode atingir 860V.
A bacia Amazônica possui uma elevada riqueza de peixes ornamentais de diferentes tipos, cores e tamanhos, como o tetra cardinal (Paracheirodon axelrodi), limpa-vidros (Otocinclus affinis e Otocinclus vittatus), coridora (Corydoras sp.), peixe-borboleta (Carnegiella strigata), neon verde (Paracheirodon Simulans) e os acarás-disco (Symphysodon spp.), que são peixes endêmicos da bacia Amazônica e estão entre espécies de água doce mais exploradas para fins ornamentais no mundo.
Entre as espécies de peixes amazônicos que se encontram sob algum grau de ameaça de extinção temos: Crenicichla urosema, Harttia depressa, Harttia dissidens, Hypancistrus zebra, Leporinus pitingai, Teleocichla prionogenys, Ossubtus xinguense e as arraias Paratrygon aiereba e Potamotrygon leopoldi, entre outras. As principais ameaças à essas espécies são a construção de hidrelétricas, perda e degradação de habitat e pesca/retirada de indivíduos de maneira predatória.
Referências Bibliográficas:
Fabré, N. N.; Barthem, R. B. (eds.). O manejo da pesca dos grandes bagres migradores: piramutaba e dourada no eixo Solimões-Amazonas. Manaus, IBAMA/ProVárzea, p. 27-30; 2005.
PAN – Plano de Ação Nacional para Conservação das Espécies Ameaçadas – Peixes Amazônicos. ICMBio – 2021.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/animais/peixes-amazonicos/
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