A diversidade do continente africano nos coloca uma série de possíveis respostas para o aparecimento dos primeiros humanos no planeta. A África é sem dúvida o continente mais antigo em todo globo terrestre, e sua paisagem mantém as formas geológicas que adquiriu até o presente. Com uma extensão territorial de mais de 30 milhões de km², este continente tem o equivalente a pouco mais de 20% da superfície terrestre. O continente é banhado por grandes volumes de água, ao norte pelo Mar Mediterrâneo, ao Leste pelo oceânico Índico e o Mar Vermelho, ao Oeste pelo oceano Atlântico. Esse conjunto possibilitou uma enorme diversidade ambiental, e foi onde ocorreu o longo processo da evolução humana.
Devido às suas características geomorfológicas o continente africano foi uma paisagem favorável para a evolução humana. Foi o menos afetado durante o desprendimento das outras porções territoriais que deram origem à América, à Eurásia e à Antártida quando antes eram apenas um único continente - a Pangeia. Esta formação permitiu que as primeiras formas de vida ali se desenvolvessem. Há cerca de 70 milhões de anos os primeiros animais mamíferos surgiram, entre eles os prossímios e há 12 milhões de anos surgiram os primatas que dariam origem aos macacos atuais e aos hominídeos, os ancestrais mais antigos do gênero Homo. Estes primatas, segundo os paleontólogos, eram vegetarianos e andavam sobre quatro patas.
Somente há 3,5 milhões de anos surgiria o primeiro elo que levaria à espécie humana, o Australopithecus afriucanus, que foi descoberto em 1924 pelo cientista Reymond Dart, na África do Sul. Um fóssil mais completo do gênero, da espécie A. afarensis, foi descoberto por Yvens Coppens, 50 anos depois, em 1974 em Afar, na Etiópia e ficou conhecido como Lucy. Os australopitecos, assim como Lucy, tornaram-se bípedes, que para o processo de hominização foi um ganho muito significativo, pois além de se locomover por distâncias maiores, os primeiros hominídeos puderam carregar objetos e filhotes, facilitando a conservação da espécie. Este processo de usar as mãos constantemente fez mais tarde que os humanos desenvolvessem o movimento de pinça que possibilitou não só segurar objetos como fabricá-los.
Há 1,5 milhões de anos surgia no continente africano o Homo habilis, primeiro no gênero Homo. As habilidades do bipedismo e a construção de ferramentas a partir de ossos de animais e pedras, possibilitaram-no explorar o meio a sua volta. Isso tudo se deu graças ao aumento da sua caixa craniana e consequentemente o aumento do seu cérebro. O Homo habilis era caçador e conquistava suas presas se articulando em grupo, o que provavelmente possibilitou as primeiras tradições sociais. Do mesmo modo que a fala, houve a necessidade de uma comunicação verbal para transmitir conhecimentos prévios. Foi este gênero que conseguiu manipular, pela primeira vez, segundo arqueólogos, o fogo. Este avanço possibilitou ingerir alimentos mais facilmente, bem como afugentar animais perigosos, aquecer-se e até mesmo fabricar armas mais eficientes.
No Paleolítico, situado entre cerca de 2,4 milhões e 12 mil anos, a África foi palco de diversos grupos humanos, entre caçadores e coletores, que usavam diversos artefatos. Por volta de 1 milhão de anos atrás é que estes grupos resolveram explorar outros territórios, como a Ásia e a Europa, levando sua base cultural originária na África. Neste período, acerca de 200 mil anos, surge o Homo sapiens que se aproximava do negro-africano atual. Foi a espécie que mais se adaptou aos climas variados da terra, gerando adaptações como a cor da pele; afinar e aumentar o nariz; pelos e gorduras corporais; Desta forma podemos verificar que os homens e as mulheres modernos(as) tem suas raízes mais profundas na África.
Referências:
PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 25 ed. São Paulo: Contexto, 2011.
MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013.
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