Soros imunológicos

Acidentes com serpentes representam sérios problemas para saúde pública em países tropicais em desenvolvimento como o Brasil. Na América do Sul as principais causas de mortes por serpentes se dão por picadas de cobras Botrops alternatus (popularmente conhecida como urutu, cruzeira, urutu cruzeiro), Botrops jararaca (chamada de jararaca do rabo branco ou simplesmente jararaca), ou do gênero Crotalus, no Brasil este é representado pela Crotalus durissus, conhecida como cascavel que tem ampla distribuição geográfica no país. A utilização de soros imunológicos (ou soros imunes) tem sido reconhecida como tratamento efetivo para a picada destes animais.

Os soros imunológicos são preparações líquidas capazes de estimular o organismo a produzir anticorpos para o combate de toxinas liberadas por agentes infecciosos e venenos de animais peçonhentos como cobras, aranhas, escorpiões e taturanas. São também utilizados anticorpos como inativadores, em virtude de sua alta afinidade e alta especificidade pelos seus substratos eles se ligam e bloqueiam a ação dos agentes tóxicos.

Sua produção se dá pela obtenção de anticorpos equinos, onde, são inicialmente injetadas baixas doses do veneno de cobra no animal e esse passa a produzir anticorpos específicos contra as toxinas. Para que haja produção maior dos anticorpos é necessário aumentar gradativamente as doses do veneno. Após, é feita a coleta do sangue deste animal e a purificação para que sejam separados os anticorpos produzidos e seja produzido o soro imunológico.

A ação dos anticorpos se dá pela ligação destes em agentes infecciosos chamados de antígenos. O sistema imune então reconhece esses agentes ligados aos anticorpos e então é desencadeada a resposta imunológica. A utilização de soros imunológicos é efetiva principalmente contra patógenos que são capazes de evadir o sistema imune não estimulado anteriormente pelos agentes infecciosos.

Atualmente no Brasil, a maior parte do soro aqui produzido é elaborado pelo Instituto Butantã e distribuídos pelo Ministério da Saúde. Como exemplos podemos citar:

  • Anticrotálico – soro utilizado para o tratamento no casos de picadas pela cobra cascavel.
  • Antilaquésico – utilizado para o tratamento contra venenos de surucucu.
  • Antielapídico – usado contra o veneno de corais (gênero Micrurus).
  • Antitetânico – clinicamente útil para tratamento do tétano.
  • Antidiftérico – usado para tratamento da difteria.
  • Antibotrópico – contra o veneno das espécies de jararaca.
  • Antiescorpiônico – contra o veneno dos escorpiões.
  • Antiaracnídico – contra peçonha de aranhas.
  • Anilonomia – contra o veneno de taturanas.
  • Anti-botulínico - "A": aplicado em casos de intoxicação pela toxina botulínica do tipo A.
  • Anti-botulínico - "B": para tratamento do botulismo do tipo B.
  • Anti-botulínico - "ABE": para tratamento de botulismo dos tipos A, B e E.

Quanto aos efeitos colaterais, são mínimos, apenas uma pequena porcentagem dos pacientes são hipersensíveis a alguns componentes da formulação desses soros, porém estão sendo desenvolvidas novas formulações para evitar casos de hipersensibilidade, como por exemplo alguns soros que foram obtidos a partir de seres humanos.

Referências: CANTER, H.M.C.; Perez Junior,J.A., HIGASHI, H.G., GUIDOLIN, R.R. Soros e vacinas. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em:

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