Arte barroca no Brasil

O Barroco no Brasil foi um período relacionado diretamente à colonização da América Portuguesa, um desdobramento do transplante da mentalidade e modo de vida português para o Novo Mundo.

Os primeiros centros urbanos da colônia, no século XVII, se relacionavam com a exploração da lavoura de cana. Nesse momento surgiu uma expressão de arte sacra que caracterizou as primeiras igrejas em Salvador, Recife e Olinda, assim como no Rio de Janeiro e São Vicente (hoje São Paulo).

Igreja de São Francisco, em Salvador. Foto: sancastro / Shutterstock.com

O ambiente barroco é tenso por natureza e seus elementos compõem um quadro de elevada complexidade, seja por causa das questões religiosas derivadas da Reforma, seja por causa das influências das práticas sociais, porque a sociedade (principalmente a aristocracia e alta burguesia) tornou-se altamente ritualizada nas cortes reais.

Para o colonizador português, colonizar era sinônimo de cristianizar. Nesse aspecto, a atuação da Companhia de Jesus no processo de educação e catequese tinham por objetivo fortalecer o domínio católico nos territórios americanos.

A arte barroca no Brasil foi tão expressiva quanto o Barroco na América Espanhola, porém não excluía o contexto em que a alma em conflito busca a salvação e para tanto trilha um longo caminho de dor e sofrimento. O poder político usou das imagens e da sua exuberância para compor sua legitimidade, afinal, o poder dos reis era “oriundo da autoridade Divina”.

As construções laicas e religiosas usavam a taipa (estrutura de madeira, trançada com palha e coberta com barro). Nos assoalhos e tetos, bem como nos dormentes e soleiras, espessas traves de madeira. Nos prédios mais sofisticados, os portais eram de pedra, que muitas vezes eram acompanhados de esculturas.

Já no interior das igrejas, a madeira era a principal matéria-prima para a ornamentação dos alteres, capelas e tetos, além dos púlpitos e assentos eclesiásticos.

Na decoração, a madeira entalhada em linhas sinuosas, entrelaçadas ou na forma de conchas era policromada (pintada) ou coberta com folhas de ouro, o qual refletia as luzes das velas e ambientava o ambiente com um dourado mágico, buscando ser no mundo físico uma expressão da divindade.

Entre 1730 e 1760 estruturou-se um novo momento de produção da arte barroca, o estilo joanino, cujas origens remetem ao barroco romano e fora a expressão do reinado de D. João V de Bragança, rei de Portugal entre 1706 e 1750, período coincidente com o auge da extração de ouro do Brasil.

Na definição da estruturas arquitetônicas deste contexto sobressaíram a construção de naves poligonais e plantas em elipses entrelaçadas. Destacam-se também nesse período os artistas portugueses Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito.

Na metade do século XVIII, a crise da produção açucareira favoreceu uma desaceleração da produção da arte barroca no Nordeste, no entanto, a efervescência da produção aurífera alterou a dinâmica da produção artística e político-econômica.

São exemplos deste processo, a transferência da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro no intuito de melhor controlar a extração de ouro e diamante na região de Minas Gerais. Por isso que é exatamente nesse período que os maiores artistas barrocos brasileiros se revelam, o Mestre Valentim no Rio de Janeiro, e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, na região de Ouro Preto e seu entorno nas Minas Gerais.

Aleijadinho projetou o traçado de Igrejas, como a da Ordem Terceira de São Francisco em Ouro Preto e o santuário de Bom Jesus em Congonhas do Campo com as esculturas policromadas da Paixão de Cristo e as esculturas em pedra sabão dos profetas do Velho Testamento.

Na pintura, destacou-se Manuel da Costa Ataíde, que decorou o teto da igreja da Ordem Terceira de São Francisco em Ouro Preto, entre outros trabalhos na igreja de Nossa Senhora do Rosário em Ouro Preto ou na catedral de Mariana.

Fontes:

FIGUEIRA, Divalte Garcia. Cidades históricas e o barroco mineiro. Editora Itatiaia, 2000.

TIRAPELI, Percival. Arte sacra colonial: Barroco memória viva. São Paulo: Imprensa Oficial, 2001.

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