A catedral de Santiago de Compostela é a sede da diocese de mesmo nome na região da Galiza, extremo oeste da Península Ibérica, noroeste da Espanha. A tradição da Igreja Católica Romana diz que fora construída no lugar onde se encontrou o túmulo do apóstolo Tiago Maior: após a crucificação de Jesus, Tiago teria passado seis anos pregando pela Hispania e ao retornar à Judeia, foi decapitado no ano de 44 sob as ordens do rei Herodes.
A mesma tradição diz que seu corpo foi colocado num sarcófago de pedra e levado de barco em direção à Península Ibérica, desembarcando em Padrón, vilarejo pertencente à diocese de Iria Flavia.
Em 813, o bispo Teodomiro de Iria Flavia identificou um pequeno templo romano, cujo interior se encontrava um sarcófago com o nome do Apóstolo Tiago. O bispo dissera que um caminho de estrelas lhe apontara a direção da sepultura, marcada por uma estrela fixa sempre brilhante: era o Campus Stellae, o campo de estrelas e daí mais tarde, Santiago de Compostela.
Um pouco depois da descoberta, o rei Afonso II, o Casto (791-842), mandou erigir uma igreja em torno a dita construção romana. Durante o reinado de Afonso VI (1072-1077), em 1075, a gradativa intensificação das peregrinações, acompanhadas da redução da pressão islâmica na região, favoreceram uma nova construção sob a direção arcebispal de Diego de Peláez (1070-1094).
A catedral românica com planta de cruz latina foi construída em blocos de granito, coberta com lajes do mesmo material. A igreja está organizada numa nave principal e o transepto de três naves, deambulatório na cabeceira, além todo o perímetro ser percorrido por uma tribuna.
Apenas algumas capelas do deambulatório preservaram os elementos da arte românica, pois as capelas laterais foram agregando elementos de diferentes épocas, que lhes dotaram de uma individualidade própria, estando dispostas ao longo de todo o templo.
O interior da catedral é dotado de naves laterais cobertas com abóbada de aresta, uma técnica usada na Roma Antiga: trata-se da intersecção em ângulo reto de duas abóbodas de berço. Daí, resulta num vão quadrado, com quatro arcos semicirculares aos lados e dois arcos elípticos ao longo das diagonais.
Já a nave central possui uma abóbada cilíndrica que se sustenta por arcos de reforço e trifório com quarto cilíndrico.
O quadrilátero que compõe o exterior da catedral é dotado de uma significativa variedade, pois cada fechada é diferente das demais e recebe uma determinada denomição, relacionada ao espaço imediatamente contiguo a ela.
A fachada setentrional, chamada “fachada de Acibechería” (volta para a região dos artesãos de azabeche) foi construída com o estilo neoclássico por Ventura Rodríguez e Lois Monteagudo em 1769.
A fachada meridional, chamada de “fachada das Praterías”(próxima da concentração dos artesãos de prata), foi construída no estilo românico entre 1103 e 1117, uma importante referência quanto à iconografia religiosa ali registrada.
A fachada oriental , chamada de “fachada da Quintana” (localizada próximo do mercado – quintana), construída por Domingo de Andrade em 1700 em estilo barroco , assim como foi a Porta Santa em 1611, a qual só se abre nos anos santos de Jubileu.
A fachada ocidental, conhecida como “fachada do Obradoiro” (voltada para o canteiro de obras para a construção da catedral), sendo elaborada por Fernando Casas y Novoa, 1738-50 é uma combinação de pedra e vidro, destacando-se no corpo central, as grandes janelas e os elementos característicos da arte barroca, como as linhas entrelaçadas, sinuosas e a concentração massiva de informações iconográficas que compõem o programa iconográfico.
A fachada do Obradoiro foi construída para substituir a má preservada fachada românica, que guardava a entrada da catedral através do chamado Portal da Glória, esculpido pelo mestre Mateo terminado em 1188.
Trata-se de um exemplar importantíssimo da escultura românica, presente num pórtico de 3 arcos: a entrada da catedral, o fim do Caminho de Compostela, onde milhares de peregrinos paravam e ali depositavam sua mão e repetiam as a profissão de fé: “Senhor, eu creio!”, juntando-se aos demais nos ofícios religiosos.
Fontes:
RAMALLO, Germán. A Arte Românica. Coleção Saber Ver. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1992.
Villanueva, Jesús. Santiago de Compostela: La ciudad del Apóstol. Historia National Geographic. (2010)
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/arquitetura/catedral-de-santiago-de-compostela/
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