A etnia celta se concentrou numa área bastante ampla da Europa ocidental: norte da Península Ibérica, França, Ilhas Britânicas e parte da Europa central (Sul da Alemanha, Hungria e República Tcheca). Sua estrutura social estava articulada em tribos, as quais eram dotadas de um chefe e no contexto de guerra, formavam uma espécie de federação através de alianças e se subordinavam a um chefe comum, dotado do título equivalente de rei.
Desenvolveram um padrão arquitetônico que demonstrou sua fixação perene num território com o uso de construções de pedra especialmente para muralhas, optando no caso das moradias por cabanas de madeira e telhado de palha, fato que não impediu a organização de cidades de pequeno e médio porte e que posteriormente, com a dominação romana se transformaram em núcleos importantes, como Lutécia, que se transformou em Paris.
Os celtas desenvolveram várias formas de produção com a metalurgia, com o domínio do ferro e do bronze (liga metálica de cobre e estanho), além da ourivesaria, voltada para diferentes tipos de adornos (brincos, colares e braceletes) que se relacionavam com a faixa etária, gênero e condição social do usuário.
O encontro de sítios arqueológicos relacionados à antigos povoamentos, necrópoles ou lugares de tradição religiosa permitem explorar a cultura material celta como portadora de uma variedade significativa de técnicas de produção e ornamentação, bem como, a observação do intercâmbio comercial e cultural relacionado ao contato com outras civilizações como os gregos e os etruscos.
O domínio da metalurgia permitiu a elaboração de peças singulares, como o escudo de bronze de Battersea, hoje no acervo do Museu Britânico, datado de 350-50 a.C., que fora jogado no rio Tâmisa, sendo provavelmente destinado a alguma ritual sagrado, uma vez que os escudos de combate eram de madeira e recobertos com couro. Trata-se de uma placa de bronze dourado polida e apresenta uma ornamentação com linhas metálicas e detalhes de esmalte encrustados.
A necrópole encontrada em La Tène, no noroeste da Suíça, datado do século V a.C., revelou a presença de um núcleo de povoamento celta que se articulava entre a região de Champagne na França, nas regiões banhadas pelo Reno na Alemanha e região alpina da Suíça e Áustria.
A presença de diversos objetos como carros de tração animal, armas de cobre e bronze, elmos, escudos, moedas, cerâmicas também estavam acompanhadas de esqueletos de escravos ou prisioneiros sacrificados em honra do morto, bem como a presença de esqueletos de animais, como o javali ou até o de um cavalo.
Os braceletes, elmos e vasos eram adornados com diferentes motivos lineares que constituíam padrões de entrelaçamento, formas abstratas e geométricas e noutras superfícies, produziam também a figuração de cenas do cotidiano, de animais ou das representações de suas divindades.
A cultura celta foi em parte assimilada pelos romanos em algumas regiões, como nas Ilhas Britânicas, que depois da cristianização entre os séculos IV e V d.C., agregou para os padrões ornamentais de manuscritos e relevos os entrelaçados lineares da tradição celta, que as cruzes de pedra em diferentes igrejas e cemitérios e também em manuscritos de relevante importância como o “Livro de Kells”, datado do 800 d.C., que posteriormente ficaram conhecidos como “páginas tapete”, dado que a ornamentação dos entrelaçados celtas.
Fontes:
Celtas: A história real de um povo lendário. Revista História Viva – Edição especial nº 11 – Editora Duetto. 2005.
GREEN, Miranda. Arte Celta. Akal Ediciones. 2007.
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