A Catedral de Milão ou Duomo di Milano foi construída a partir de 1386 por iniciativa do arcebispo Antonio de Saluzzi (1376-1401), e sua conclusão só ocorreu no século XIX. Junto da entrada da catedral encontram-se os vestígios romanos, datados do sec. IV d.C., referentes às antigas basílicas de Santa Tecla (que era a basílica usada no verão e estava onde hoje é a praça da catedral) e de Santa Maria Maggiore (usada durante o inverno, localizava-se exatamente onde hoje está o Duomo), ambas destruídas num incêndio em 1075.
Sob o Duomo, as escavações arqueológicas mostram os vestígios do batistério estão os fragmentos de um grande octógono, que foi a pia batismal que, segundo a tradição local, Santo Ambrósio batizou Santo Agostinho em 387.
Dentre as catedrais góticas, é um edifício singular pelo fato da sua construção mesclar os conceitos de verticalidade (grande altura) com o conceito de amplitude (a extensão na horizontal).
Outro elemento diferencial Duomo foi construído com mármore branco-rosa de Candoglia, próximo do Lago Maggiore, ao noroeste de Milão, transportado através dos canais de Milão.
Diferentemente das demais igrejas, o Duomo é a única igreja do mundo que possui sua própria marmoraria, portanto, desde a construção até hoje, a jazida de Candoglia fornece o mármore para a restauração do edifício.
Gian Galeazzo Visconti, o duque de Milão instituiu em 1387, a Veneranda Fábrica do Duomo. Os números são significativos: 8.200 blocos de mármore na fachada e a abundância de estátuas (são 2.300 só na parte externa) e um total de 135 pináculos que lhe caracterizam o estilo “gótico flamboyant”, flamejante em francês.
A construção da catedral, cuja planta é de uma cruz latina, começou pela abside, a qual é circundada por um deambulatório e já em 1418 o altar principal foi consagrado pelo papa Martinho V (1417-31).
Quando comparada pelas suas dimensões (12.000 metros quadrados de área construída), é a quarta em dimensão na Europa, feita de 5 naves (1 central e 2 em cada lateral) divididas por 52 colunas de 24 metros de altura cada. Suas medidas são: 45 metros de altura, 109 metros de largura e 157 metros de comprimento.
Dada a extensão de sua conclusão, os elementos decorativos internos observam diferentes estilos como por exemplo, a arte maneirista e a arte barroca, presentes em diversas esculturas e altares.
Em 1774, Giuseppe Perego esculpiu “La Madonnina”, uma estátua folheada a ouro pelo trabalho do ourives Giuseppe Bini. É uma estátua que representa a Assunção de Maria, tendo 4,16 metros de altura e pesa 900kg, posta no ponto mais alto da igreja, que posteriormente se tornou um dos símbolos de Milão, uma vez que a catedral fora dedicada à Virgem Maria no século XVIII.
A fachada do Duomo foi finalizada tardiamente, no século XIX, desde que Napoleão Bonaparte invadira a Itália em 1805 e ordenara seu término o quanto antes, porque desejava ser coroado naquela igreja como rei da Itália em 1813.
Depois das estátua externas, a outra atração na decoração da catedral são os vitrais que no período dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial foram retirados e substituídos por pedaços de madeira e contam histórias de santos e profetas. Sarcófagos de mármore de famílias nobres milanesas enriquecem as várias capelas laterais e entre as estátuas dentro da catedral, a mais famosa é a de São Bartolomeu, em cujo martírio fora esfolado vivo, assim aparece segurando a própria pele como um manto.
Destaca-se, dentro da catedral, a cripta de São Carlos Borromeo, arcebispo de Milão (1560-84) e uma pequena sala onde ficam expostos os tesouro do Duomo com os objetos litúrgicos utilizados na catedral durante as principais cerimônias (cruzes, candelabros, incensários e vestes dos bispos e arcebispos).
Na atualidade, é possível observar a existência de uma significativa diferença cromática do mármore externo e interno, e isso se deve ao fato de que o exterior da catedral passou por um processo de limpeza nos últimos 10 anos, enquanto no interior do templo, não ocorreu a mesma limpeza, assim, o mármore se mostra escurecido pela ação do tempo (acúmulo de resíduos das velas e incenso).
Fontes:
ARGAN. Giulio Carlo. História da Arte italiana: da Antiguidade a Duccio. Vol. II, São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
GOMBRICH, Ernst. História da Arte. Rio de Janeiro: Editora LTC, 16ª edição. 1996.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/italia/catedral-de-milao/
Show life that you have a thousand reasons to smile
© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.