Espécies climácicas fazem parte de vários conjuntos de parcelas da floresta de idades diferentes que foram criadas, por perturbações, em uma comunidade.
A sucessão é um processo universal de desenvolvimento de uma formação vegetal. As primeiras observações sobre sucessão ecológica foram realizadas por Buffon no século XVII, sobre a vegetação de turfeiras. A existência de grupos ecológicos está baseada na premissa de que caracteres fisiológicos, morfológicos e comportamentais devem ser considerados como adaptações decorrentes de sua história evolutiva. A palavra sucessão foi utilizada pela primeira vez por Dureau de la Malle em uma publicação científica de 1825. Estudos mais específicos a respeito de sucessões só aconteceram a partir do século XIX com H. C. Cowles, da Universidade de Chicago. Já em 1916, F. E. Clements publicou sua teoria da sucessão, do clímax e do superorganismo. Em sua teoria, Clements afirma que uma formação nasce, cresce, amadurece e morre assim como um organismo e que o estudo da vegetação é similar a de um organismo. As sucessões primárias compreendem aos organismos que primeiro se estabelecem em um meio, como um solo nunca antes colonizado. As sucessões secundárias reconstituem a vegetação de um meio que já foi colonizado e onde os seres vivos foram eliminados total ou parcialmente por distúrbios como incêndios, eventos do clima, processos geológicos ou por intervenção humana. O clímax é uma comunidade em desenvolvimento e em processo de atingir níveis mais estáveis com o meio e é o último estágio da sucessão. Espécies pioneiras e climacicas representam dois extremos que envolvem histórias evolutivas e estratégias adaptativas. A comunidade que se estabelece primeiro em um solo compreende as espécies pioneiras. Com o passar do tempo as espécies são substituídas por outras de características ecológicas diferentes, que toleram condições adversas e estabelecem condições de crescimento em altura, incremento diamétrico e na expansão de suas copas até alcançarem estabilidade no ciclo de vida característico da entrada no clímax.
As espécies que compõem o clímax na comunidade apresentam sementes que podem germinar em condições de baixa luminosidade. As plântulas podem ser encontradas sob o dossel, mas também em ambientes abertos. As espécies clímácicas crescem à sombra das pioneiras. Na floresta tropical brasileira espécies de acariquara (espécie Minquartia guianensis, família botânica Olacaceae), matamata (gêneros de Eschweilera spp., família botânica Lecythidaceae), faveiras (gêneros de Parkia spp., família botânica Fabaceae) são comuns no grupo das climacicas. As séries sucessionais são mais bem visualizadas em formações fisiográficas, como planícies aluviais, rios, lagos e regiões antropizadas. A sucessão não deve ser compreendida a partir de algo que seja fixo, mas entendida como um processo complexo e dinâmico apesar de apresentarem padrões definidos. Uma formação mais estável nunca estará finalizada, nunca estará em equilíbrio completo.
Os pequenos ciclos de sucessões contribuem para manter um ambiente heterogêneo apresentando condições para outras espécies emergirem. Através do surgimento de novas clareiras o novo ciclo sucessional reinicia. Em florestas tropicais, o mais comum é que as plantas, uma vez estabelecidas, se expandam e a vegetação ganha um aspecto de mosaico, característico de estágios jovens da colonização. Mais tarde, a competição e a seleção, proporcionam uma estrutura mais heterogênea da comunidade. A progressão de formas da vegetação, desde os líquens e os musgos até as árvores do estágio final são os movimentos de continuidade que residem nos traços mais impressionantes da dinâmica de populações. As ondas de invasão que vão e vem desde o estágio inicial até os diversos níveis de maturidade que compõem o clímax. As séries iniciais da dinâmica sucessional levarão ao estágio clímax. O reagrupamento simples, análogo ao estágio pioneiro pode acontecer devido a fatores antrópicos. Estas áreas são popularmente conhecidas como “capoeira” “mata de capoeira” ou “mata secundária”.
Referências bibliográficas:
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Maciel, M. de Nazaré.; Watzlawick, L. F.; Schoeninger, E, R.; Yamaji, F. M. Classificação ecológica das espécies arbóreas. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun.2003.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/especies-climacicas/
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