Autoestima é um conceito importante na Psicologia, sobre o qual não há consenso teórico.
Uma definição possível do termo é a associada a aspectos avaliativos que um sujeito elabora ao seu respeito, consistindo no resultado do valor que ele atribui aos elementos afetivos e sociais da representação que tem sobre si.
Dessa forma, está em associação à autoimagem (forma pela qual o indivíduo enxerga-se) e aos desempenhos alcançados, tendo influências das introjeções de experiências de valoração realizadas por terceiros para o sujeito. Assim, revela-se nos acontecimentos sociais, emocionais e psicossomáticos. No mais, como a psique, encontra-se em um dinamismo, estando sempre, portanto, em processo de revisão, adaptação e construção.
A importância da autoestima contempla o construto da personalidade da pessoa e sua interação com o mundo, compondo sua maneira de ser e suas ideias sobre si e os outros. Logo, ainda que não seja seu regulador, apresenta-se como critério sensível para detecção de sofrimento e realização da interpretação narrativa dele.
Psicanálise é um método de investigação e clínica criado por Sigmund Freud.
O autor descreve que “a autoestima expressa o tamanho do ego [...] Tudo o que o sujeito possui ou realiza [...] ajuda-o a aumentar sua autoestima” (p.115). No mais, alega que está relacionada ao sentimento de amor: desejo e privação tendem a diminuí-la, enquanto correspondências e satisfações a aumentá-la.
Outra contribuição do médico consiste na descrição do sentimento de si, este covariante com o tipo de ideal construído pelo indivíduo – os excepcionalmente elevados o colocam deficitário em relação a eles, entretanto podem resultar em engajamento; a expectativa reduzida de si não convoca à ação, embora torne cada conquista seja fonte de satisfação. Percebe-se, portanto, que o conceito está relacionado com a função desejante: o deslocamento para o desejo precariza o sentimento de si, chegando a frear a persistência quando sua importância é demasiada. Como consequência, escolher o lado do eu contra o do desejo poder tornar o sujeito mais vulnerável para a depressão (posição de recua), forma de sofrimento caracterizada pela perda da relação com o prazer e julgamentos, avaliações e medidas de si – posições narcísicas.
Assim, evidencia-se também a relação com o narcisismo, que é formado pelo conjunto de imagens existentes em torno de uma falta. Então, didaticamente, divide-se a autoestima em três partes: a primeira, referente ao resíduo do narcisismo infantil, que perdurará até o confronto com as ideias de crenças, valores e comportamentos; a segunda, derivada da onipotência corroborada pela experiência, na realização do ideal do eu; e a terceira, procedente da satisfação da libido objetal.
Freud supôs o sentimento persistente de inferioridade em relação aos demais como sintoma narcísico, dificuldade relacionada ao caráter no sentido clínico. Este pode estar relacionado a um complexo, situação particular em que certas imagens apresentam grande poder de atração e associação, envolvendo a forma como cada um se coloca no laço social e compreende seu desejo autorizado por si e pelo outro.
O autor descreve alguns contextos em que o sentimento é presente: a repetição de situações em que o sujeito reencena momentos em que se sentirá subjugado por outrem (em um sintoma neurótico que realiza o que está em fuga de), a idealização excessiva de si e dos outros e as consequências de situações traumáticas, de desamparo ou privação de afetos. Em alguns quadros, entretanto, a superfície pode ser de inferioridade enquanto o que há por trás é superioridade, narcisismo não correspondente à realidade.
Referências Bibliográficas:
Freud, S. (1969). Sobre o narcisismo: uma introdução. In Freud, S., Obras completas de Sigmund Freud (vol. XIV, pp. 85-89). Rio de Janeiro: Imago (Trabalho original publicado em 1914).
Freud, S. Obras incompletas de S. Freud - Compêndio de Psicanálise. São Paulo: Autêntica, 2014
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/psicologia/autoestima/
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