Perversão é um termo chave na psicanálise, para ela apropriado pela primeira vez por Sigmund Freud, pai dessa escola de pensamento. Nela, é referente à uma estrutura clínica, ou seja, à uma modalidade de relação com o outro e com a falta.
Segundo o autor, são três as estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão. O que as define é o mecanismo de defesa diante à castração. No caso da neurose, há o recalque. No da psicose, a foraclusão. No da perversão, o desmentido.
A perversão é então descrita como uma defesa contra a psicose, a fragmentação do eu. Mais comumente, porém, é afirmada como o negativo da neurose, ou seja, como aquilo que a neurose suprime para se constituir enquanto tal. Portanto, se é definida pelo recalcamento da castração como estratégia de defesa formativa do modo estrutural, a perversão é pela renegação, a recusa de reconhecer a falta (já captada) do outro, representada pelo corpo da mãe em que faltaria um elemento, o falo. É o desmentido da experiência, ainda registrada a nível perceptivo.
A sexualidade do perverso é formada através da fixação em um estágio infantil, pré-genital da organização libidinal, como o oral, anal, acústico ou visual. Assim, em vez desse gozo ser parte da experiência, é a própria. O resultado disso pode ser o exagero em um modo de satisfação, a dissociação de fins e meios que negam o encontro genital (desafiando à norma sexual, ainda que não necessariamente a jurídica) e o prazer com a destruição do caráter da lei, com o qual a negociação depende da plasticidade do sujeito.
São as modalidades resultantes:
No mais, a literatura apresenta como características sexuais dos sujeitos perversos o precoce amadurecimento da intimidade e o interesse intrusivo por detalhes da intimidade do outro. Por mais, como processos que formam a excitação com a transgressão, há a piromania e os maus tratos com animais.
Outros traços que compõem o quadro podem ser o déficit de sentimentos sociais, como culpa, medo ou vergonha. Nessa situação, o sujeito saberia o que está fazendo, mas sua relação com a lei não ocasionaria afetos inibitórios. Tal marca foi apropriada pelo discurso psiquiátrico com o nome de Transtorno de Personalidade Antissocial ou Psicopatia.
Referências bibliográficas:
FREUD, Sigmund. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Edição Standard Brasileira das obras de Sigmund Freud, v. VII
FREUD, Sigmund. Fetichismo. EB. Rio de Janeiro: Imago, 1976
LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
ROUDINESCO E PLON, Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/psicanalise/perversao/
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