Complexo de Electra é uma expressão utilizada por Carl Jung, fundador da Psicologia analítica, para designar o complexo de Édipo feminino, marcando sua existência nos dois sexos.
O complexo de Édipo é um conceito descrito pela primeira vez por Sigmund Freud, pai da Psicanálise. Ele designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais, tendo atingindo seu ápice durante o intervalo entre três e cinco anos do sujeito.
Em sua forma simples e positiva, o filho admirar o genitor de sexo oposto e rivalizar-se com o do mesmo sexo.
Freud apoiou-se na tragédia grega de Édipo Rei, de Sófocles (496-406 a.C.), para ilustrar o complexo. Na narrativa, o protagonista, que desconhecia seus progenitores, mata seu pai e casa com sua mãe, com quem teve quatro filhos.
Jung possuía divergências teóricas em relação a Freud, entre elas, a leitura de que o Édipo se centrava no vínculo dos meninos com suas mães, sendo pouco elaborado no que diz respeito aos casos femininos.
Então, em 1913, no Ensaio de exposição da teoria psicanalítica, apresentou o complexo de Electra, no qual a menina desejaria o pai e odiaria a mãe, por quem teria identificação complexa. Por sua vez, recorreu ao mito de Electra como paradigma do desenvolvimento feminino, atribuindo a ele, metaforicamente, uma maior aplicabilidade para descrever os fenômenos. Na narrativa, pois, Electra assassina sua mãe, para vingar o crime contra seu pai, morto por ela e seu amante.
Inicialmente, Freud alegou não possuir interesse na denominação. A posteriori, entretanto, mostrou-se mais categórico afirmando que de fato os complexos femininos e masculinos não são simétricos.
Por fim, F. demonstrou os efeitos diferentes do complexo de castração para cada sexo – no caso feminino é o que permite o Édipo, e no masculino, o que ocasiona sua dissolução. Também ressaltou a importância que tem para a menina do apego pré-edipiano à mãe, e da predominância do falo para os dois sexos.
O complexo de Electra, entretanto, muitas vezes é incluído no complexo de Édipo, uma vez que os princípios que se aplicam a ambos são muito semelhantes.
Tanto o complexo de Édipo como o de Electra são reduções e esquemas. O desenvolvimento do sujeito apresenta muitas variáveis, sendo assim irredutível a generalizações.
Ademais, é essencial contextualizar a realidade na qual o sujeito se encontra, ou seja, considerar os seres ou Instituições que exercem as funções parentais em cada caso individual.
A escola culturalista apresenta contribuições à reflexão. Além de escancarar que a família nuclear heterossexual é apenas um dos (recentes) modelos possíveis, demonstra que, em determinadas civilizações ou épocas, o pai é desprovido da instância repressiva. Portanto, não haveria complexo de Édipo, mas uma situação característica de tal estrutura.
Por fim, como sugestão ilustrativa, cito Lacan: “deve renunciar à prática da psicanálise todo analista que não conseguir alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época”.
Referências bibliográficas:
FREUD, S. Obras completas, volume 16: O eu e o id, “autobiografia” e outros textos (1923-1925), tradução Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
ROUDINESCO E PLON, Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/psicologia/complexo-de-electra/
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