Mecanismos de defesa são conceitos da psicanálise. Foram pela primeira vez descritos por Sigmund Freud, posteriormente tornando-se importantes temas das investigações de Melanie Klein e Anna Freud.
São o conjunto de estratégias efetuadas pelo ego diante perigos da realidade externa do sujeito e das exigências e dos impulsos de suas instâncias psíquicas id e superego, contribuindo ao seu equilíbrio e à sua adaptabilidade. Assim, não são ações unicamente contra patologias, mas também reivindicações pulsionais e diversos fatores que podem suscitar o desenvolvimento de angústias, como emoções ou exigências superegóicas.
Os mecanismos, encontrados de acordo com o repertório e a plasticidade do indivíduo, apresentam variabilidades quanto à sua eficiência e ao seu dispêndio de energia psíquica. Há, logo, uma categorização entre os mecanismos maduros (mais bem-sucedidos e com menos demandas energéticas), neuróticos (mais ineficazes e mais custosos) e primitivos (que resultam em experiências cindidas).
A atividade excessiva de algum deles pode ser indicadora de neurose. Classicamente, assumem formas de na neurose histérica, substituição na obsessiva e projeção na paranoia
Eis alguns dos mecanismos de defesa mais comuns:
Deslocamento: trata-se de um mecanismo no qual a representação incômoda de uma pulsão é separada de seu afeto e transferida à outra, ligada à primeira via processo associativo. Habitualmente opera no caso das fobias (projeção do pulsional no real).
Isolamento: consiste na separação da representação do seu afeto. Uma ilustração se dá em casos em que o sujeito lembra de traumas ou fatos importantes de sua vida, todavia desprovidos de cargas e significados emocionais.
Introjeção: é o processo no qual o indivíduo, de forma fantasística, faz passar característica de terceiros para si.
Projeção: é a operação na qual um fato neurológico ou psicológico é deslocado do sujeito para o objeto, de forma que ele o expulsa de si qualidades, sentimentos e desejos que recusa, localizando-os no outro. O mecanismo é a base das técnicas projetivas, como teste de Rorschach e o T.A.T.
Retorno sobre a própria pessoa: processo pelo qual a pulsão substitui, pela própria pessoa, um objeto independente. (LAPLANCHE, 1996)
Inversão em seu contrário: é a transformação da pulsão em seu contrário, como por exemplo a passagem da atividade para a passividade
Formação reativa: é o contrainvestimento de um elemento consciente, de igual força, mas oposta direção ao investimento inconsciente.
Sublimação: é a derivação da pulsão sexual para objetivo socialmente aceitável ou valorizado, de forma a não visar, manifestamente, seu objetivo. Exemplos são as realizações de atividades artísticas ou de lutas com regras.
Regressão: é o retorno do sujeito a etapas ultrapassadas de seu desenvolvimento (como fases libidinais, relações de objeto, identificações...), assim como a passagem a modos de expressão e de comportamento de nível inferior no ponto de vista da complexidade, estruturação e diferenciação.
Recusa: é a eliminação da representação incômoda através da negação da realidade ligada a ela, que é consciente e não considerada como tal. Além de ser mecanismo de defesa, é um processo característico na psicose e perversão.
Racionalização: é o processo pelo qual o sujeito busca tornar logicamente coerentes determinadas ações, sentimentos ou ideias
Recalque: é o afastamento dos conteúdos indesejáveis da consciência, que se mantem inconsciente.
Referências bibliográficas:
Freud, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: BUP, 1968. (originalmente publicado em 1946).
Freud, Sigmund. Edição Standard das obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Imago.
LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/psicanalise/mecanismos-de-defesa-do-ego/
Show life that you have a thousand reasons to smile
© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.