História da Psicologia no Brasil

Jesuítas – vinda de padres missionários junto à armada do governador geral português Tomé de Souza em 1549, companhia de Jesus.

Pedagogia humanista, criação de escolas. Ênfase no conhecimento de si mesmo (através do discernimento dos espíritos) e no diálogo interpessoal visando à compreensão da dinâmica interior (através da direção espiritual) é uma das dimensões principais da espiritualidade da Companhia e de sua formação.

Ideias psicológicas da época: um importante fonte para o conhecimento da teoria psicológica difundida no ambiente cultural da Companhia de Jesus em Portugal e no Brasil ao longo do período colonial são comentários às obras de Aristóteles elaborados por jesuítas portugueses juntos ao Colégio de Coimbra. A concepção psicológica é inspirada na tradição aristotélico-tomista, na qual a alma é definida como ato primeiro e substancial do corpo, forma dele e principio de toda a atividade

A descrição e a definição conceitual de emoções tais como medo amor tristeza etc era a de paixões, sendo essas reconhecidas como motores do comportamento humano individual e social – isso conta em Sermões de Antônio Vieira, para ele e outros pregadores, definidos como “médicos das almas”.

Crença na possibilidade de o homem “fazer-se a si mesmo”, característica do Humanismo e do Renascimento, colocando a possibilidade do ser ser plasmado através da educação. Criaram escolas nesse contexto para formação de crianças indígenas e mestiças, realização do projeto missionário através da educação. O homem em sua origem seria concebido como uma tabula rasa a ser preenchida em seu desenvolvimento.

Entre século XVII e XIX, a metrópole proibiu a criação de universidades no Brasil, jovens vão ao exterior, sobretudo a Coimbra. Uma das consequências foi a impossibilidade de formação integrada às condições e peculiaridades nacionais.

O tema barroco da existência como transformação caracteriza as concepções: vida concebida como fluxo constante de partes as vezes antagônicas.

Ênfase na variabilidade da experiência humana.

Século XIX, Brasil encontrava-se diante do desafio de tornar-se uma nação moderna tendo um projeto unitário politico, social e cultural.

A saúde, educação moral religião e dimensões da experiencia pessoal dos cidadãos começaram a ser gerenciadas ou controladas diretamente pelo aparelho estatal. Processo acompanhado por estruturação dos papeis sociais dos indivíduos, vindo estes a ser considerados como funções e produtos do processo social.

Importava consolidar um saber que pudesse proporcionar uma concepção de homem e sociedade funcional a esse objetivo. Favorecer a superação das raízes lusitanas em prol de uma abertura a outras matrizes teóricas que norteassem esse processo de mudança.

A antropologia filosófica mecanicista de matriz francesa e positivismo vieram fornecer os alicerces teóricos necessários para esta transformação cultural e política, proporcionando ideologia e legitimando as praticas apropriadas p garantir a coesão do universo social e adesão de seus membros à lógica hegemônica.

Criação de órgãos oficiais de transmissão e elaboração do conhecimento – escola, faculdade, academia, revistas etc – pretendiam oferecer as estruturas institucionais necessárias para alcançar o objetivo visado.

Inicio de XIX, o médio Francisco de Mello Franco (1757-1822) propõe um tipo de psicologia medica, inspirada nas teorias do Iluminismo e do sensualismo francês.

EM livro publicado em 1813, define o físico como “a reciproca encadeação de todos os sistemas de órgãos que formam a nossa maquina”, sendo a dimensão moral “tudo quanto diz respeito às funções e particulares afeições da nossa alma”. Ademais, afirma ser uma evidencia empírica o fato do estado físico do corpo ter grande influencia nas operações da alma.

As antigas doutrinas acerca das relações mente-corpo e a hipocrática teoria dos temperamentos são reformuladas em uma perspectiva monista.

Sendo o funcionamento do organismo regulado por leis da natureza, será possível modificar o dinamismo pela transformação das circunstancias físicas determinantes, graças a remédios e normas higiênicas. A saúde do conjunto psicossomático que constitui o ser humano é definida como equilíbrio, harmonia da maquina corporal, cujo efeito é o bem-estar psicológico.

Assim, no séc. XIX, a medicina propõe-se como a ciência do homem, substituindo a filosofia e a teologia na tarefa de orientar indivíduos e sociedades rumo à felicidade. Mello propõe transformação de discursos: conceitos da teologia acerca do pecado são traduzidos nos conceitos e práticas da ciência acerca da doença. A analogia entre medicina do corpo e do espirito pretendem dar conta da medicina da alma.

Os alicerces conceituais que permitiram a formulação dos conhecimentos psicológicos nos termos de uma ciência natural, experimental e autônoma em relação à filosofia e a tradição por esta transmitida encontram-se, na segunda metade do século XIX, no pensamento dos filósofos positivistas brasileiros. Luis Pereira Barreto (1840-1932), formado na Bélgica. Em sua obra principal, “as três filosofias”, publicada entre 1874 e 1876, afirma que o programa positivista não veio perturbar a ordem e sim ocupar o lugar onde estavam as antigas crenças, reconstruir a sociedade som uma base cientifica, cujo instrumento principal seria a reforma radical do ensino, uma vez liberado das influencias nefastas das Academias e da Igreja.

Segundo ele, a “fisiologia mental” proporcionaria o conhecimento verdadeiro do homem em sua totalidade. Os fatos humanos são sujeitos a leis fixas e invariáveis e por isso podem ser submetidos à investigação conduzida pelo método experimental. Fiel À doutrina comtiana, descreve o ser como composto de inteligência, sentimento e atividade, todas funções do cérebro. A unidade e o equilíbrio entre elas e sua adaptação ao meio ambiente são a condição essencial para a saúde individual. O estudo dos fenômenos psicológicos deve ser visto como parte da fisiologia.

Séc. XIX, a “psychologia” comparece como partes de disciplinas em diferentes áreas do saber (filosofia, direito, medicina...) e como matéria currículos em escolas.

Nas primeiras décadas do século XX, surgem no Rio de Janeiro os primeiros laboratórios de psicologia experimental. Em São Paulo, assiste-se ao crescimento de estudos psicológicos, na vertente psicanalítica, na Faculdade de Medicina.

Nesse período (séc. XIX e início do XX), psicologia começou a ocupar um espaço próprio enquanto campo de conhecimento e de práticas, mas não ainda como disciplina cientifica autônoma.

Referências bibliográficas:

ANTUNES, Mitsuko A. M. A Psicologia no Brasil: leitura histórica sobre sua constituição. São Paulo: UNIMARCO / Educ, 1999.

JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs). História da Psicologia – Rumos e Percursos. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2005.

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