Anatomia felina

Os felinos pertencem a um grande grupo de animais carnívoros, os quais são representantes populares onças, tigres, leopardos, o leão e o gato doméstico. Para compreendermos melhor a anatomia felina, vamos descrever, de uma maneira geral, a anatomia do felino mais comum: o gato doméstico.

Anatomia geral do esqueleto

O esqueleto dos gatos possui cerca de 244 ossos e é divido em esqueleto axial e apendicular. O primeiro contém o crânio, mandíbula, esterno, 13 costelas e a coluna vertebral, constituídas de 7 vértebras cervicais, 13 torácicas, 7 lombares, 3 sacrais e 20 a 24 caudais. O esqueleto apendicular contém, em cada membro torácico escápula, úmero, rádio, ulna, 8 ossos carpais, 5 metacarpais e 3 falanges em cada dedo. Por sua vez, o osso pélvico sustenta os membros pelvinos, nos quais estão presentes fêmur, patela, tíbia, perônio, fíbula, 7 ossos tarsais, 4 metatarsais e as falanges.

Uma particularidade desses animais é eles não possuem o dedo polegar dos pés ou são rudimentares.

Ilustração do esqueleto de um gato. Linda Bucklin / Shutterstock.com

Anatomia do salto e da velocidade

A combinação entre os ossos, as articulações e os músculos permitem que os felinos, representados aqui pelos gatos, sejam bons caçadores e alcancem altas velocidades.

A coluna vertebral não possui ligamentos, os quais são substituídos por músculos nesses animais, e os discos intervertebrais permitem uma grande flexibilidade. Assim, a coluna é muito flexível em seus movimentos, como no segmento cervical, que permitem um grande giro da cabeça, facilitando a observação da presa em várias direções, além de movimentos precisos durante a predação.

Os gatos, assim como outros quadrúpedes, não possuem ossos da clavícula, apenas uma região óssea da escápula ligada aos músculos, chamada de processo coracoide. Isso permite passadas mais largas durante a corrida e a capacidade de se contorcer em espaços estreitos.

A movimentação dos membros torácicos ocorrem apenas para frente e para trás e os cotovelos são opostos aos joelhos, assim é possível que o animal dê enormes impulsos. Além disso, a musculatura dos felinos possui a capacidade de contração ampla como molas, o que confere uma explosão muscular maior. Esses fatores anatômicos permitem que eles saltem até sete vezes sua altura e atinja cerca de 50 km/h em curtas distâncias.

Outros aspectos dos gatos que permitem uma locomoção em grande velocidade são: a potência da musculatura dos membros, mais robusta na raiz e mais delgada nas pontas; eles são digitígrados, ou seja, se locomovem sobre as pontas dos dedos, que são protegidas por coxins densos e sensíveis e ossos sesamoides. Essas características tornam o membro mais longo proporcionalmente, o que aumenta a velocidade na marcha.

Pata de um gato. Foto: Photick / Shutterstock.com

Toda essa capacidade corporal é suprida por oxigênio, dentre outros nutrientes, obtido e distribuído pelo sistema cardiovascular, o qual é constituído por dois pulmões e um coração com quatro cavidades, eficientes às demandas do organismo em movimento e repouso.

Anatomia da predação e alimentação

Os gatos são predadores eficazes, não somente na corrida para a captura, mas em outros aspectos importantes, apresentados a seguir.

Nesses animais, observa-se um crânio muito forte, a face encurtada e uma mandíbula móvel e bem flexível, o que faz com que a mastigação seja potente.

A dentição é dupla, formada pelos dentes decíduos (popularmente chamados “dentes de leite”), que aparecem entre 2 a 3 semanas de vida, e dentes permanentes, que substituem a primeira dentição em cerca de 6 meses.

As arcadas dentárias são compostas por 12 incisivos, 4 caninos, 8 a 10 pré-molares e 4 molares. Ele possuem formato pontiagudos e com os caninos bem maiores que o restante, permitindo uma alimentação carnívora, pois conseguem matar a presa, segurar, perfurar e rasgar a carne, a qual é resistente.

As garras são curtas, curvadas e penetrantes. Os felinos possuem junturas interfalângicas distais organizadas de maneira que as garras são retráteis, o que as mantém afiadas.

Os ossos do dorso felino são mais largos, o músculo cutâneo do tronco é maior em extensão e a musculatura é forte, o que permite suportar o peso do tronco e carregar presas em longas distâncias.

Por fim, o tubo digestório possui um estômago, intestinos delgado e grosso e o reto, típico dos carnívoros.

Anatomia dos felinos. Ilustração: decade3d - anatomy online / Shutterstock.com

Anatomia da autolimpeza

Os gatos são conhecidos por seus hábitos de boa higiene. Isso é permitido pelos membros pelvinos, que são capazes de girar em direção a cabeça, permitindo a sua autolimpeza. A língua é áspera, utilizada na alimentação e na limpeza corporal, ela pode formar as bolas de pelo e eliminá-las.

Anatomia dos sentidos

A pelagem dos felinos atua como regulador térmico, mantendo a temperatura corporal constante entre 38 e 38,5 ° C, mas possui também a função tátil e atua na comunicação, pois quando eriça os pelos demonstra reação de ataque, fazendo-os parecerem maiores. Já as vibrissas são prolongamentos de pelos na região dos bigodes, que atuam como órgãos sensoriais, os quais percebem variações mínimas de vibrações, como pequenos abalos sísmicos.

As pupilas desses animais são elípticas, verticais quando há muita luz no ambiente e arredondada, quando há pouca, pois elas contraem e dilatam-se em adaptação ao estímulo luminoso. Além disso, eles possuem o tapetum lucidum, uma membrana atrás dos olhos a qual reflete a luz de volta para a retina e que faz com que os seus olhos brilhem no escuro e melhorem a visão noturna. Elas contém riboflavina e zinco, a variação da quantidade desses compostos é o que causa a variação de cor de animal para animal. Ademais, os olhos possuem as pálpebras e membrana nictante.

A musculatura da orelha é vasta e independente, por isso, movem o pavilhão auditivo em direção ao som e possuem câmaras de ressonância no crânio, tornando a audição aguçada, assim como o olfato que, além do nariz, eles utilizam os órgãos de Jacobson, dentro da boca para perceber o cheiro e os feromônios.

Por fim, o equilíbrio dos gatos é notório, pois caem sempre de pé. Isso se deve por uma combinação de coordenação entre o sistema nervoso, a musculatura de todo o corpo, a cauda e as garras.

Anatomia da Reprodução

O útero das gatas é bicórneo, ou seja, possui uma bifurcação em seu corpo. Elas possuem vagina e vulva.

Os machos possuem 2 testículos dentro do escroto, que fica fora do corpo e mantém a temperatura adequada para a reprodução. O pênis é curto e possui espículas queratinizadas. Assim, a ovulação da fêmea não recebe estímulo hormonal e é desencadeada pela dor, o que está adaptado ao pênis do macho, o qual estimula a ovulação durante a cópula, pela dor desencadeada por essas espículas.

Referências

DA SILVA, Luana Thamires Rapôso et al. ATLAS VIRTUAL DE ANATOMIA DO GATO (AVAG). Disponível em: http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/r1277-1.pdf. Acesso em 22/01/2020.

DYCE, K.M. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1997.

Fiocruz. Felinos. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/felinos.htm. Acesso em 22/01/2020.

PORTILHO, Gabriela; CASTRO, Márcia L.; CARO, Juliana; NADALE, Marcel. Gatos por dentro e por fora. Revista Superinteressante, Ciência Mundo Estranho. 2019. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/gatos-por-dentro-e-por-fora/. Acesso em 22/01/2020.

ZAMITH, Adiel PL. Lições de osteologia dos animais domésticos. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, v. 3, p. 173-270, 1946.

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