A citotoxicidade pode ser conceituada como a capacidade que uma substância possui de inibir a proliferação celular ou causar danos e lesões às células, que as levam a morte celular. Assim, as substâncias citotóxicas podem diminuir a capacidade de autorrenovação de um tecido, ou causar a sua degeneração por morte das células. Por sua vez, essa morte pode ocorrer por diversos tipos, que são agrupados em duas classes morfológicas, a necrose e a apoptose.
As substâncias que causam toxicidade às células podem ser de origem endógena, por exemplo, aquelas liberadas pelo sistema imunológico, ou de origem exógena, como toxinas, venenos, poluentes, etc.
A principal forma de citotoxicidade endógena é promovida pelo sistema imunológico, por meio dos linfócitos. Os linfócitos citotóxicos compreendem as células T citotóxicas, as natural killers (NK) e as células T assassinas naturais. Elas são capazes de reconhecer e matar células infectadas por vírus, bactérias e outros microrganismos e as células cancerígenas. Esses linfócitos liberam citocinas, como o interferon-γ (IFN-γ), que vão produzir a morte celular dos componentes identificados e estimulam o funcionamento de outros mecanismos imunológicos.
Diversas substâncias podem levar a morte celular ou reduzir a proliferação em tecidos. Por isso, medicamentos, cosméticos e materiais utilizados em enxertos, implantes e exames devem ser testados previamente ao consumo humano e animal.
Além disso, é importante realizar ensaios de citotoxicidade para resíduos ambientais, pois, muitos deles podem levar a esse resultado de forma aguda ou crônica.
Esses testes devem ser realizados primeiramente in vitro, pois eles mostram, de uma forma segura, os mecanismos e os efeitos tóxicos que as substâncias podem produzir, além das doses em que eles ocorrem. A forma eleita para se testar é o cultivo de células e a subsequente análise dos efeitos intracelulares dos compostos.
Existem muitos testes para verificar os efeitos citotóxicos em células cultivadas. Alguns deles são amplamente utilizados, como:
Consiste em verificar o metabolismo da célula exposta previamente a substância testada. Esse metabolismo pode ser observado pela conversão metabólica de algum composto. Por exemplo, utiliza-se o sal de tetrazólio nas células, que irão convertê-lo metabolicamente em formazan, caso estejam viáveis.
Esse subproduto possui coloração escura, que pode ser medida em um espectrofotômetro. O resultado da absorbância é calculado em viabilidade, pois quanto mais escuro o resíduo celular, mais células viáveis o produziram metabolicamente e menor foi a citotoxicidade ao metabolismo promovida pela substância testada.
Baseia-se em expor as células a uma substância e verificar o tempo e a quantidade de sobrevivência celular posterior a esse tratamento. Se as células sobrevivem após a exposição, mas morrem depois de um tempo, a substância é potencialmente citotóxica, mas exerce esse efeito em um período maior.
Nesse teste é utilizado dois corantes, a anexina V e o iodeto de propídio, os quais marcam os eventos de morte por apoptose e necrose, respectivamente. Assim, após a exposição à substância, realiza-se esse ensaio e verifica se foi promovida a morte celular e qual tipo ocorreu, em quantificação desses eventos por citometria de fluxo.
Os fármacos utilizados na terapia anticâncer devem ser citotóxicos às células tumorais, por isso, buscam-se substâncias potencialmente citotóxicas e realizam-se testes para que cada vez mais substâncias sejam descobertas para se tratar essas doenças.
Isso se deve pelo fato de que existem diversos tipos de cânceres e nem todos são sensíveis as mesmas substâncias quimioterápicas. Além disso, o medicamento anticâncer é aproveitado pela sua capacidade de ser tóxico nas células tumorais, no entanto, eles provocam esse mesmo efeito nas células saudáveis, por isso, causam tantos efeitos colaterais.
Assim, entende-se que a citotoxicidade pode ser desejável em determinadas situações.
Referências:
Cruz, Vanessa de Sousa. Avaliação das propriedades antiproliferativas da β lapachona em cultura de células de osteossarcoma canino. Tese. Doutorado em Ciência Animal. Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás. 2015.
EDUCALINGO. Citotoxicidade. Disponível em: https://educalingo.com/pt/dic-pt/citotoxicidade. Acesso em 25/01/2020.
HORTON, Nathan C.; MATHEW, Porunelloor A. NKp44 and natural cytotoxicity receptors as damage-associated molecular pattern recognition receptors. Frontiers in immunology, v. 6, p. 31, 2015.
WIKIPEDIA. Cytotoxicity. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Cytotoxicity. Acesso em 25/01/2020.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/bioquimica/citotoxicidade/
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