As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) correspondem ao grupo de doenças tipicamente transmitidas pela prática sexual, seja ela oral, vaginal ou anal, dentre outras formas de transmissão.
Uma denominação das DSTs muito popular e antiga é “Doença Venérea”, que vem dos cultos a deusa Vênus, da mitologia romana, os quais consistiam em orgias e festas sexuais, nas quais muitas vezes seus participantes eram acometidos por essas doenças.
Atualmente, o Ministério da Saúde utiliza e recomenda o termo Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), porque algumas pessoas podem ser portadoras e transmiti-las sem que apresentem sinais ou sintomas.
Aqui vamos conhecer as principais ISTs.
A AIDS (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), é causada pelo vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana), o qual infecta o sistema imunológico do indivíduo, mais especificamente os linfócitos T CD4+, impedindo-o de combater as outras infecções que ele possa sofrer. A principal forma de transmissão é por meio de atividade sexual oral, vaginal ou anal sem camisinha, mas também pode ocorrer por meio de objetos perfuro-cortantes contaminados e de mãe para filho durante o parto ou a amamentação.
A herpes é causada por dois tipos de vírus o Varicela-Zóster (VVZ), o qual causa Herpes Zóster; e o herpes vírus, que pode ser de dois subtipos, o HSV-1, que acomete a região superior do corpo provocando a Herpes Simples, e o HSV-2, o qual ataca a região inferior e causa a Herpes Genital e, em casos raros, causa cegueira e encefalite.
Os sintomas desenvolvidos por essas doenças consistem em lesões vesiculares, ou seja, bolhas contendo pus, na epiderme da pele e das mucosas, as quais rompem-se formando feridas abertas. No entanto, o vírus fica latente a maior parte do tempo e pode gerar lesões quando há exposição demasiada ao sol sem proteção, no período pré-menstrual e quando há baixa no sistema imunológico.
Esses vírus são transmitidos por meio do contato com a secreção purulenta das vesículas, quando a doença está se manifestando. Por isso, é preciso tratar os doentes para secar as bolhas. Assim, a prevenção consiste em não compartilhar utensílios e objetos íntimos, como talheres, copos, toalhas, entre outros, evitar o contato direto com as feridas abertas, até a completa cicatrização e usar o preservativo em todas as relações sexuais.
A hepatite B é uma doença aguda e crônica causada pelo vírus HBV, um microrganismo complexo, que contém DNA como material genético. O período de incubação, que vai desde a contaminação pelo vírus até a sua fixação no organismo, dura cerca de 6 meses.
Essa infecção é, na maior parte das vezes, assintomática e, por isso, pode ser diagnosticada anos após o contágio. A progressão da doença pode se dar de três formas: a infecção assintomática, a infecção aguda que pode regredir totalmente e, em casos mais raros, a hepatite aguda fulminante. Na fase crônica é possível desenvolver no indivíduo cirrose hepática ou hepatocarcinoma.
Não existe cura para a hepatite B e o tratamento visa reduzir os sintomas, quando eles estiverem presentes, ou impedir a progressão do caso clínico.
A transmissão do HBV ocorre por via sexual e por meio de contato com sangue em materiais perfuro-cortantes, pois o vírus está presente nas secreções corporais.
Para essa doença existe vacina e deve ser o meio principal de prevenção, no entanto, não deve-se negligenciar o uso de equipamentos de proteção individual, o cuidado ao manipular materiais contaminados e o uso do preservativo em todas as relações sexuais.
A Hepatite C é causada pelo vírus HCV, que possui RNA como material genético. A infecção pode se dar por contato com o sangue contaminado, por meio de compartilhamento de objetos perfuro-cortantes descartáveis ou não esterilizados corretamente, como seringas, alicates de unha, instrumentos dentários e de tatuagem, dentre outros. A via sexual possui um potencial contaminante menor, no entanto, é considerável principalmente em relações sexuais anais.
Na maioria das vezes a infecção é assintomática e o indivíduo pode permanecer vários anos sem o diagnóstico. Quando apresenta sintomas podem levar a ascite (inchaço abdominal), náuseas, vômitos, tonturas, hepatite aguda, cirrose e hepatocarcinoma.
Não há vacina contra esse vírus. No entanto, os tratamentos com antivirais modernos podem erradicar o vírus em alguns pacientes, promovendo então a cura. Por isso, há uma proposta da Organização Mundial da Saúde, que levou o governo a criar o Plano de Eliminação da Hepatite C, que tem como objetivo reduzir o número de novas infecções em 90% até 2030.
Para a prevenção dessa doença é importante não compartilhar objetos que podem estar contaminados, utilizar agulhas, seringas, entre outros, descartáveis, proceder a esterilização dos materiais dentários, estéticos e de tatuagem e usar o preservativo em todas as relações sexuais.
O vírus papiloma humano, o HPV, contém DNA em seu material genético e pode causar verrugas, denominadas papilomas, em todo o corpo. Mas, podem desenvolver doenças como o condiloma acuminado, tumores benignos de células escamosas e câncer, principalmente do tipo carcinoma de células escamosas, no colo do útero.
Deste modo, existem vários subtipos do HPV, deles o HPV1, 2 e 4 causam verrugas vulgares, condiloma acuminado genitais e neoplasias benignas. Já os subtipos HPV16, 18 e 31 apresentam tendência a gerar câncer do colo do útero, vagina e pênis.
As infecções podem ser latentes sem apresentar sintomas por vários meses ou anos, apresentar sintomas subclínicos, que não são visíveis a olho nu, ou apresentar os sintomas descritos acima. O início dos sintomas podem ocorrer entre 2 a 8 meses.
As lesões podem acometer as regiões da vulva, vagina, colo do útero, perianal, ânus, pênis, escroto e monte púbico. As lesões do tipo verrugas podem ser únicas ou se agrupar em um aspecto de couve-flor.
O tratamento consiste em eliminar as lesões e modular o sistema imunológico do paciente. Ele pode ser medicamentoso, químico ou cirúrgico e deve ser individualizado para cada paciente e seus tipos de lesões.
A principal forma de prevenção se dá por meio da vacina. Ela está disponível gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, pessoas HIV positivas e pessoas transplantadas entre 9 a 26 anos. Mas, qualquer um pode ser vacinado em clínicas especializadas. O custo varia de 380,00 a 600,00 reais por dose e devem ser ministradas três dessas doses.
Outras formas de prevenção consistem em não compartilhar objetos íntimos como toalhas, mas o principal, usar o preservativo em todas as relações sexuais, pois a via principal de infecção é a sexual.
Estima-se que toda a população sexualmente ativa deverá ter contato com o HPV pelo menos uma vez na vida. Por isso, além dos cuidados de prevenção, é recomendado o exame citopatológico anual, popularmente conhecido como Papanicolau, para mulheres sexualmente ativas e não vacinadas, pois ele detecta lesões iniciais causadas por esse vírus, orientando o devido tratamento.
É uma infecção que causa lesões de aspecto amolecido, um pouco aprofundadas e dolorosas. Ela é causada pela bactérias Haemophilus ducreyi.
As lesões começam a se desenvolver após 4 a 7 dias do contato com a bactéria. Ela pode se espalhar e gerar lesões múltiplas. Caso não seja tratada, essas lesões tornam-se crônicas.
Existe tratamento eficiente por meio de antibióticos, que levam a remissão das lesões e a cura.
A sífilis é caudada pelo micoplasma Treponema pallidum e é também conhecida como cancro duro, pois o primeiro sintoma da doença é a formação de uma única lesão indolor, de aspecto seco e endurecido, com bordas levantadas, sempre no local onde se teve contato com a bactéria. Essa lesão vem a regredir e são características da sífilis primária. Essa fase inicia cerca de 3 semanas após a contaminação e desaparece em dias.
A sífilis secundária ocorre após 2 a 10 semanas, quando o paciente não é tratado no primeiro estágio. Nela ocorrem lesões em forma de bolhas com ou sem pus, geralmente nas regiões palmares e plantares. Ela se dá em decorrência da disseminação da espiroqueta em todo o corpo, após a infiltração pela lesão primária.
A sífilis terciária é rara, apenas um terço dos pacientes a desenvolvem, além de que é provável o tratamento nas etapas anteriores e sua cura. Nessa etapa podem ocorrer a sífilis supostamente benigna, a sífilis cardiovascular e a neurossífilis, provocadas pela a ação da bactéria nos órgãos, assim podem causar lesões graves nesses sistemas, além de cegueira.
O T. palidum é sensível a penicilina, por isso, o tratamento com Benzetacil (marca comercial) é eficiente para a cura e pode ser feito a qualquer fase descrita. No entanto, as lesões ocasionadas na sífilis terciária não desaparecem com esse tratamento.
A principal forma de contaminação é pela via sexual, no entanto, ela pode ser congênita quando ativa na gestação, transmitida pela via placentária, ocasionando aborto, cegueira e má formação no feto e recém-nascido.
A prevenção deve ser feita pelo uso do preservativo e boa higiene em todas as relações sexuais.
É causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae e desenvolve-se de 24 horas até dois dias após a contaminação. As mulheres geralmente são assintomáticas ou apresentam sintomas leves de corrimento e coceira, mas nos homens desenvolvem-se dor ao urinar, coceira e corrimento intensos, por isso, é conhecida popularmente como “pinga-pinga”.
Caso seja assintomática e não seja tratada, pode desenvolver Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade, dor durante as relações sexuais, gravidez tubária, entre outros.
O tratamento é feito com antibiótico que leva cura. A prevenção se dá por meio do uso de preservativo em todas as relações sexuais e higiene após o coito.
É uma doença causada pelo Trichomonas vaginalis, um protozoário flagelado. Os principais sintomas consistem em corrimento fluido transparente intenso, odor pútrido, vaginite, coceira local e ardor ao urinar. A maioria dos homens são assintomáticos, mas podem desenvolver um leve ardor na uretra e corrimento, podendo levar a infertilidade, se não tratado.
O tratamento é medicamentoso por antiparasitários orais e cremes locais. A prevenção é a mesma para outras ISTs comuns.
Referências
KRIESEL, J. D. et al. Multiplex PCR testing for nine different sexually transmitted diseases. Int J STD AIDS, 2015.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. IST. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist. Acesso em 23/01/2020.
UNEMO, Magnus et al. Sexually transmitted infections: challenges ahead. The Lancet infectious diseases, v. 17, n. 8, p. e235-e279, 2017.
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