Célula indiferenciada consiste em uma célula que ainda não possui uma função biológica, por não expressar ainda as proteínas características de um tecido. As células com menor diferenciação, ou seja, com menor expressão gênica, estão presentes no embrião. No entanto, células com graus pequenos de diferenciação, mas maiores que as embrionárias, estão presentes nas linhagens de regeneração de alguns tecidos, como o tecido sanguíneo, o qual se renova a todo momento.
As funções que as células podem realizar em um organismo são determinadas durante o processo de diferenciação celular, ou seja, uma célula indiferenciada é aquela que ainda não apresentou características fenotípicas de um tipo específico de célula, logo ela possui grande potencialidade para originar qualquer tipo celular do organismo, desde que receba o estímulo químico para a produção de proteínas específicas.
As células indiferenciadas são denominadas também de células-tronco. O termo célula-tronco, do inglês stem cell, diz respeito a células precursoras que possuem a capacidade de diferenciação e autorrenovação ilimitadas, podendo dar origem a uma variedade de tipos teciduais. Além disso, as células-tronco podem ser programadas para desenvolver funções especificas tendo em vista que não possuem uma especialização.
Todas as células de um indivíduo possuem o mesmo material genético, chamado de genoma, e, nesse material, estão o código para produzir as características completas de todo o organismo.
Quando as células ainda não possuem diferenciação em um tipo específico, é porque elas ainda não expressaram a maior parte dos genes para as proteínas características de sua linhagem. Mas, quando elas iniciam o processo de diferenciação celular, alguns genes serão expressos e outros ficarão silenciados. Assim, é possível ocorrer a produção diferencial de características em cada tecido do corpo.
Veja o seguinte exemplo: os genes para a produção da proteína queratina estão presentes no genoma de todas as células do corpo, no entanto, sua produção não ocorrerá em células sanguíneas, do fígado (hepatócitos) ou mesmo em células do intestino (enterócitos), por exemplo. Mas, na epiderme essa proteína será produzida por meio da expressão desses genes, ocasionando proteção e impermeabilização desse tecido.
Essa produção de proteínas ou ativação gênica diferencial nos vários tecidos do corpo é estimulada por fatores de crescimento, produzidos no embrião e nos tecidos adultos. Tais fatores são responsáveis por “ligar” ou silenciar genes e são característicos de cada linhagem celular.
As células-tronco são classificadas em totipotentes, pluripotentes, multipotentes e unipotentes, considerando a diferença entre seus níveis de plasticidade, quantas vias diferentes podem seguir, e em qual tecido elas podem contribuir.
No entanto, as células-tronco totipotentes são as células mais indiferenciadas, por isso, dão origem ao embrião e podem diferenciar-se em qualquer célula do corpo. Elas correspondem ao zigoto até o final da mórula. Elas têm potencial para originar tanto as células do embrião quanto as do folheto extraembrionário, que formarão a placenta e outros anexos. Entretanto, estas células são transitórias e desaparecem poucos dias após a fertilização.
Sucessivamente, as células-tronco pluripotentes compõem o embrioblasto no blastocisto. Elas originam as células do embrião, mas não são capazes de originar os anexos embrionários. As multipotentes constituem os três folhetos germinativos (ectoderme, mesoderme e endoderme), os quais, cada um deles já possuem uma determinação fenotípica que vão originar um grupo de tecidos e órgãos próprios, por exemplo, a ectoderme formará a pele o sistema nervoso, a mesoderme, o sistema musculoesquelético e a endoderme, os órgãos digestórios e respiratórios.
Por fim, as células unipotentes formam o grupo de desenvolvimento dos tecidos específicos, como as células-tronco sanguíneas da medula óssea, as quais vão dar origem as células-tronco mieloide e linfoide e suas derivadas, e aquelas responsáveis por renovar os tecidos, como as células da camada basal da epiderme.
Assim, é possível considerar como célula indiferenciada, completamente, a célula ovo ou zigoto e as células da etapa de mórula, as primeiras células de um embrião, pois elas ainda não expressam nenhuma proteína específica de qualquer tecido.
Referência
SOUZA, V. F. de; LIMA, L. M. C; REIS, S; R. de A. Células-tronco: uma breve revisão. R. Ci. méd. biol., v. 2, n. 2, p. 251-256, 2003.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/celula-indiferenciada/
Show life that you have a thousand reasons to smile
© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.