O arcadismo brasileiro é uma estética do Era colonial da literatura brasileira. Assim como o lusitano, o arcadismo brasileiro defende uma poesia mais simples, de imitação da natureza que se opunha ao Barroco, estética que lhe é anterior. Consideramos como marco literário a publicação do poema Obras, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768.
A reforma educacional pombalina (de Marquês de Pombal) causa mudanças também no Brasil. Essas mudanças permitiram a divulgação de ideais iluministas no Brasil. Assim os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade pautaram a poesia desse período.
A poesia árcade defendia que apenas no campo podia-se obter a verdadeira felicidade. Essa ideia segundo Antonio Candido vem dos sentimentos de frustração que a burguesia viveu na cidade. A vida natural no campo era o ideal da relação humana, o campo era o bem perdido, o cenário idílico¹. Assim, os árcades propunham uma fuga da cidade (no termo em latim fugere urbem), para se aproveitar a vida (carpe diem) vivendo num local aprazível (locus amoenus) que era o campo (ambiente bucólico), de maneira simples (áureas mediocritas), descartando todas as coisas desnecessárias e inúteis (inutillia truncat), inclusive na poesia. Por isso, a poesia árcade (que se opõe à barroca) buscava uma poesia mais simples, privilegiando o verso, valorizando as formas fixas, como soneto e odes. A poesia árcade brasileira também foi influenciada pela poesia clássica. Assim, alegorias de mitos clássicos eram comuns. A natureza podia ser representada como alegoria da literatura clássica com ninfas, elementos da natureza representados por divindades, valorizando a vida natural.
Essa ideia de vida natural se relaciona com o ideal do filósofo francês, Rousseau: o mito do homem cordial, na figura do bom selvagem, que não foi corrompido pelos vícios da cidade.
Os principais autores árcades brasileiros foram Claudio Manoel da Costa (que escrevia sob o pseudônimo de Glauceste Satúrnio) – conhecido por sua sólida formação humanista e habilidade poética; Basílio da Gama – escritor da pequena epopeia O Uraguai que canta o heroísmo indígena; Frei Santa Rita Durão – que escreveu O Caramuru, poema indígena voltado ao passado colonial, entrando em conflito com as ideias do século das luzes (o iluminismo²).
Um grupo de poetas árcades merece destaque por terem sido participantes ativos da Conjuração mineira: Tomaz Antonio Gonzaga – autor de Marília de Dirceu e o mais conhecido, talvez, dentre os árcades; Silva Alvarenga – autor de Glaura e o mais militantes dos árcades ilustrados ³; Alvarenga Peixoto – que dedicava sua poesia a Marquês de Pombal, um herói das luzes 4. Esses árcades influenciados pelo iluminismo ousaram, ao lado de Tiradentes, lutar contra os excessos das coroa. Algo curioso: o responsável por proferir a sentença dos poetas mineiros foi justamente o fundador da Arcádia lusitana, Cruz e Silva. Diz-se que as sentenças foram severíssimas.
Havia uma tendência entre os árcades , tanto dos poetas ilustrados quanto do primeiro grupo, de tratar de assuntos da colônia, do índio, de coisas da terra. Além disso, o engajamento político dos poetas mineiros faz com que muitos considerem o arcadismo brasileiro um prenuncio do nacionalismo romântico, sendo considerados pré-românticos.
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Notas:
1 Idílico = relativo a sonho
2 Iluminismo é uma corrente filosófica e nada tem a ver com o ocultismo moderno;
3 Ilustrados é o termo usado por aqueles praticam os ideias iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade;
4 Século das luzes/ Herói das luzes – relação com o período do Iluminismo e com os seus mais fervorosos defensores.
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