O Arcadismo ocorreu na Europa por volta do século XVIII (e por isso também é chamada de setecentismo). Trata-se de uma estética literária fortemente influenciada pela corrente filosófica Iluminista, por isso também era chamada de Ilustração.
Houve arcadismo na Itália, na França e na Espanha. Em Portugal, o arcadismo integra um amplo movimento de renovação cultural. Nesse período, Portugal vivia a reforma educacional Pombalina e uma reforma universitária. Dentre essas reformas, houve uma denominada Árcadia Lusitana, uma associação literária (fundada em 1756, por Cruz e Silva, Teotônio Gomes e Manuel Nicolau) que definiria os novos rumos da literatura lusitana. Os árcades estavam imbuídos de uma doutrinação reformista que visava combater o cultismo e conceptismo do Barroco.
Os poetas árcades deveriam ter “juízo e engenho”¹, ou seja, a imaginação deveria ser subordinada à razão. Para os árcades, era preciso “banir da poesia portuguesa o inútil adorno das palavras empoladas (...) introduzindo em nosso verso o delicioso e apetecido ar de simplicidade”². Assim, a Arcádia lusitana defendia que a poesia deveria imitar a natureza (sendo muito comum o ambiente bucólico), buscar o equilíbrio, a verossimilhança e a racionalidade. Também defendiam o “artifício”, a forma como o poeta acrescenta algo de seu a temas já banalizados, tornando-os novidades: assim o poeta era visto como um artífice (artesão). Tendiam a ornamentar a poesia com uso da mitologia (por isso também chamamos essa estética de neoclassicismo) de forma alegórica, ou seja, fazendo associações gerais. Também se condenava a rima, mas valorizava-se o verso e o poema de forma fixa aos moldes clássicos, assim, era comum o gosto pelos sonetos e pelas odes.
Por onde ocorreu, o arcadismo defendia uma poesia mais simples, eliminando os complexos jogos de palavras barrocos, com seus paradoxos e antíteses. Como o barroco era considerado a estética do mau-gosto, era comum que os árcades se vissem como os restauradores do bom-gosto. Fortemente influenciados pelo filósofo Aristóteles, os árcades valorizavam a poesia como imitação da natureza, com todas as graças e perfeições possíveis, consequentemente, valorizavam os melhores imitadores da natureza, os poetas clássicos.
Dos poetas árcades o mais conhecido, seguramente, foi Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage), não só a obra lírica, mas principalmente a satírica fez com que Bocage fosse muito popular. Seu estilo boêmio, sua poesia inspiradora, entusiasta, vibrante, de emoção ardente, faz com que alguns teóricos o considerassem um pré-romântico. Bocage escreveu muitos sonetos e dentre todos os árcades, sua poesia se destaca pela habilidade de o poeta em construir decassílabos.
Os poetas árcades de maneira geral viam a poesia como uma imitação da natureza, algo simples, comedido, ao gosto clássico, fruto da razão do poeta, sem a ousadia e rebeldia dos barrocos a quem combatiam. O arcadismo português terá forte influência no arcadismo brasileiro.
Leia também:
Bibliografia:
¹ CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro, Ouro sobre azul, 2007, p. 48-69.
² FERREIRA, Joaquim. História da literatura portuguesa. Porto, Ed. Domingos Barreira, s/a.
RAMOS, Feliciano. História da literatura portuguesa. Braga, Livraria Cruz, 1967, pp 33-54.
SARAIVA, Antonio José. História da cultura em Portugal. Vol II. Gil Vicente Reflexos da Crise. Lisboa, Gradiva, 2000.
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