Concretismo foi um movimento literário do século XX surge com força vanguardista a partir de 1955, mas já mostra algumas nuances em 1950 quando Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos começam a fazer experimentalismos sintáticos.
O responsável pela divulgação da arte concreta no Brasil foi o alemão Max Bill que em 1951 fez exposições no Rio de Janeiro e em São Paulo. A exposição causou grande impacto e em 1952, os irmãos Augusto e Haroldo Campos lançaram a Revista Noigandres. Contaram com teóricos e poetas como Mario Pedrosa e Ferreira Gullar, aderindo ao grupo posteriormente Helio Oiticica, Lygia Clarck, entre outros. Em 1955, num festival de música, o grupo dos irmãos Campos e Pignatari usaram pela primeira vez a expressão poesia concreta. Estava inaugurado o movimento concretista brasileiro.
A divergência entre os artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo fizeram com que o grupo se separasse em 1959, criando um grupo dissidente denominado neoconcretismo ou poesia-práxis.
Alguns poetas modernistas anteciparam o que seria o movimento concretista dando à palavra um novo significado, como Ferreira Gullar (falecido em 2016) e Mario Faustino (1962). Ferreira Gullar inclusive chega a participar da Revista Noigandres. Esses dois poetas são considerados precursores do movimento concretista.
O concretismo fazia oposição ao intimismo da geração de 40 do Modernismo, aproximando-se mais do radicalismo da Geração de 22. O antiacademicismo visto nessa geração é retomado mais radicalmente. Há uma tendência a superlativar as estéticas de vanguarda europeias que criticavam a arte regrada como futurismo, dadaísmo e, em alguma medida, o surrealismo: os concretistas valorizavam o imaginário e o inventivo no fazer poético, assim como essas estéticas vanguardistas.
Os concretistas brasileiros defendiam que a arte deveria possuir objetos sonoros, plásticos e cinéticos, isso é: forma/palavra, som, imagem. A esse projeto chamaram de verbivocovisual.
O poeta concretista inova em diversos planos:
O principio geral da poesia construtivista é certamente a ausência ou substituição da frase e do verso, que eram usados para compor um todo e não como unidade mínima do poema. Assim, palavra, frase, verso, aliadas a uma disposição espacial, a uma forma, às vezes, a um som compunham o poema construtivista, rompendo com a barreira entre poesia e artes plásticas, convergindo para uma experimentação espaciotemporal na qual está imersa nossa sensibilidade.
A poesia-práxis foi uma dissidência da primeira geração (o grupo formado pelos irmão Campos e Pignatari era conhecido como Noigrandes). Os poetas dessa geração vinculam à palavra a um contexto extralinguístico. Dentre os poetas desse grupo, Mario Chamie foi o mais atuante. Importante ressaltar que o já consagrado modernista Cassiano Ricardo simpatizava com a ideologia desse grupo.
VEÍCULOS DE MASSA (Mário Chamie)
TV
o vidro transparência / o olho cego consciência a consciência no vidro / a transparência do vidro o povo cego da praça / o olho negro da massa a praça de olho cego / a massa de olho negro.
o vidro transparência o cego consciência a massa diante do vidro a massa = olho de vidro
a praça de olho negro o povo = olho morcego
sem ver o povo com a venda a câmara negra = sua tenda
sem ver /a venda no olho do povo te vê / a câmara negra do sono.
Há um sítio virtual muito importante sobre a poesia concreta, que ganhou novos nuances com a tecnologia digital: http://www.poesiaconcreta.com.br/
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