Realismo no Brasil

O realismo no Brasil inicia-se em 1881, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Assim como ocorreu em Portugal, trata-se de uma estética de oposição ao Romantismo, valorizando a objetividade e o cientificismo. Agora, o autor realista não idealiza mais o tema de suas obras como fazia o romântico. No Brasil, o realismo ocorre apenas na prosa – não houve poesia realista como em Portugal e França. A correspondência poética ao Realismo, no Brasil, foi o Parnasianismo.

O realismo brasileiro acompanha os fundamentos teóricos do realismo europeu:

  • a filosofia positivista de Auguste Comte – defende um olhar científico para analisar comportamentos sociais;
  • o cientificismo – valorização das ciências exatas e sociais;
  • o darwinismo – teoria que afirma que só os mais, fortes, adaptados, sobrevivem;
  • o empirismo – só o que é experimentado, presenciado e observado pode ser narrado, valorizando o método científico;
  • o distanciamento – há uma impessoalidade para permitir uma visão objetiva dos fatos;
  • o determinismo – o comportamento humano é definido pelo meio (há total aceitação da existência tal qual ela se apresenta).

É justamente o determinismo que faz com que o Realismo se misture ao Naturalismo, tendo sido, por muito tempo, consideradas uma mesma escola literária no Brasil. Essa característica comum, entretanto, recebe contornos diferentes nas duas estéticas. O determinismo realista explica os comportamentos humanos por meio da observação psicológica enquanto o determinismo naturalista por meio da observação patológica, biológica.

Autores realistas

Machado de Assis foi, sem dúvida, o mais importante escritor realista. Suas obras foram marcadas por ironia; ceticismo; intertextualidade marcante (o constante diálogo com outras obras); aprofundamento psicológico das personagens, interesse em questões sociológicas a fim de criticar a sociedade; interpretação indireta dos fatos permitindo que o leitor tire conclusões; desconstrução da estrutura do romance como vemos em Memórias Póstumas de Brás Cubas. Nessa obra, além de desconstruir o pacto ficcional, deixando claro que a obra é uma ficção (algo que não ocorria no Romantismo: os romances eram cartas e o autor um mero editor), o autor descontrói a estrutura como vemos no capítulo “O velho diálogo de Adão e Eva”.

BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . ?

VIRGÍLIA . . . . . . . . . . . . . .

BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

VIRGÍLIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ?

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BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . !

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BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . !

VIRGÍLIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . !

Outra característica da obra é o narrador em primeira pessoa: ao contrário da maioria das obras realistas europeias, Machado traz um narrador em primeira pessoa capaz de manter o distanciamento necessário para a estética realista. Isso também ocorre em Dom Casmurro.

Raul Pompeia também se destacou no realismo brasileiro. Sua obra prima O Ateneu (1888) tem caráter confessional, memorialista. O romance é narrado em primeira pessoa por Sergio (narrador onisciente), aluno do internato Ateneu. Raul Pompeia narra com muita habilidade e um senso estético memorável situações vividas pelas personagens no internato, um microcosmo, ou seja, uma representação do que era a vida fora da escola, uma denuncia da hipocrisia da sociedade burguesa da época. A densidade psicológica do romance aliada a um senso naturalista de descrição coloca a obra como um caso a parte na literatura realista.

Em um trecho do romance, Sergio relata uma experiência homoafetiva entre Sergio e um aluno mais velho. A sociedade da época atacou ferozmente o autor, insinuando que ele fosse Sergio (o que para época era uma grande desonra). Esses ataques à honra do autor o levaram a cometer suicídio em 25 de dezembro de 1895.

Entre os escritores de ficção realista brasileiros estão: Manuel Antônio de Almeida, Aluísio Azevedo, Inglês de Souza, Adolfo Caminha e Júlio Ribeiro.

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