Salvador Dalí foi um pintor espanhol considerado como o ícone do surrealismo. Entre as obras do pintor, talvez a mais conhecida seja A Persistência da Memória, na qual são retratados relógios derretendo. Porém, sua produção artística foi prolífica e flertou com áreas como o cinema – em que fez contribuições junto ao diretor Luís Buñuel – e a escultura. Entre as obras de Salvador Dalí, algumas ganham destaque:
Uma das suas obras mais famosas, foi pintada em 1931, está localizada no Museu de Arte Moderna, Nova Iorque. É considerada uma obra-prima do movimento Surrealista.
Obra feita em óleo sobre tela, presente no Museu Thyssen-Bornesza (Espanha). Na composição é retratada uma mulher dormindo em rochas que flutuam sobre o mar. Essa personagem é possivelmente Gala, esposa de Dalí e uma espécie de mentora de sua carreira. Na tela, um elefante passeia com pernas alongadas e finas, enquanto dois tigres estão flutuando, um deles sendo engolido por um peixe agigantado.
Assim como na maior parte de suas criações, nesta tela Dalí busca uma exploração do mundo onírico fazendo uso das distorções da realidade. Como em um sonho, no qual a matéria do cotidiano ganha novo significado a partir das experiências individuais, a figura do elefante está relacionada a uma escultura romana. A romã simboliza a Vênus e a mulher remete à fertilidade e à sexualidade fazendo contraste com as criaturas pitorescas. Em outro aspecto, essa tela também é vista como uma representação da teoria da evolução darwiniana.
Assim como o rinoceronte, o elefante é um tema recorrente nas obras de Salvador Dalí. Porém, nesta pintura os animais são o foco da composição. Isso ocorre devido à representação dos elefantes com um fundo graduado e sem detalhes. Culturalmente, os elefantes remetem a características como poder, domínio e força. Em Os Elefantes, o pintor subverte essa visão retratando os animais providos de pernas alongadas e de aparência quebradiça. Os obeliscos que flutuam nas costas dos animais são uma referência à escultura Elefante Carregando um Antigo Obelisco, de Gian Lorenzo Bernini.
O Sono é uma obra de Salvador Dalí que apresenta uma espécie de rosto alongado e de formas maleáveis, sustentado por muletas fixas no chão. O pintor, em sua autobiografia intitulada “A Vida Secreta de Salvador Dalí”, indica que imagina o sono a partir de um monstro pesado que mantém sua sustentação nas muletas da realidade.
O mundo dos sonhos é um tema recorrente na obra dos surrealistas, bastante influenciado pelo livro A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud. Sabe-se que Salvador Dalí mantinha o hábito de dormir munido de uma tela próxima à cama, registrando nela “fotografias de sonhos pintadas à mão”.
Este é um exemplo do talento multifacetado de Salvador Dalí escoando para o campo do cinema, ao dirigir este curta-metragem em parceria com Luís Buñuel. A película baseia-se em uma junção de cenas oníricas, como se o filme emanasse as visões de um sonho. A passagem mais marcante ocorre no início, quando uma mulher tem seu olho cortado por uma navalha.
Em outro aspecto, Um Cão Andaluz é considerado um ícone cinematográfico que segue a premissa do Manifesto Surrealista, rompendo qualquer tipo de linearidade ou lógica do cinema de narrativa clássica. Outra participação do surrealista Salvador Dalí no cinema ocorreu no filme Quando Fala o Coração (Spellbound), dirigido por Alfred Hitchcock, de 1945. Dalí foi responsável pela criação de uma sequência onírica do filme. Porém, sua criação foi considerada muito longa e acabou sendo cortada. A cena que apresentava 20 minutos acabou ficando com dois minutos.
Neste aspecto, encontra-se a contribuição de Salvador Dalí ao campo da escultura, visto que o autor chamava esta obra de escultura-objeto. É possível observar na composição alguns itens do cotidiano – como o tinteiro, a espiga de milho, a baguete, a areia – enfeitando o busto de uma mulher. A combinação de elementos díspares reforça a reflexão a respeito do papel da arte ao exprimir o que se esconde no inconsciente. Assim, a distorção proposital dos itens na escultura é uma forma de deixar flanar o pensamento – fluxo da consciência – anulando freios inibidores de ideias e imagens.
Fontes:
DALI, Salvador. Diário de um gênio. Lisboa: Ulisseia, 1964.
https://www.salvador-dali.org/en/museums/dali-theatre-museum-in-figueres/
https://conhecimentocientifico.com/salvador-dali/
https://www.guiadasartes.com.br/salvador-dali/biografia
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/artes/obras-de-salvador-dali/
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