Cosmopolitismo

O cosmopolitismo é a ideia ocidental de que todas as pessoas, independente de quaisquer afiliações ou cidadania, devem ser tratadas com igual respeito. Em outras palavras, o cosmopolitismo acredita no mundo como uma aldeia global em que todos possuem os mesmo direitos, destacados de sua nacionalidade.

É o conceito de pertencimento sem fronteiras. Assim, haveria uma forma de sintonia natural entre um cidadão nascido em Nova Iorque e outro nascido no Cairo. As pessoas que acreditam e seguem esta ideia são chamadas de cosmopolitas ou cosmopolitanas.

A origem da palavra cosmopolita está no idioma grego, no qual aparece como “kosmopolit”, ou seja, cidadão do mundo. A difusão deste conceito ampliou-se em conjunto com o termo globalização. Seriam as práticas políticas, a cultura, as acepções morais e a economia compartilhadas em uniformidade ao redor do mundo.

O conceito é bastante discutido no campo da política. Embora seu significado indique uma união entre todas as culturas, existe uma crítica em relação a sua efetividade. De acordo com alguns cientistas políticos, o cosmopolitismo generaliza a maneira de viver e as características diferentes de todas as nações. O objetivo disso seria servir ao interesse das decisões econômicas dos grandes centros metropolitanos capitalistas. Entre outros aspectos, o cosmopolitismo pode ser utilizado como forma de negar a existência de formas locais de políticas e suas peculiaridades.

Ilustração: nopporn / Shutterstock.com

Cosmopolitismo e globalização

Com a globalização, a questão da nacionalidade começou a ser colocada como algo que poderia ser superado. Isso ocorreu devido aos avanços nos meios de transporte e nas telecomunicações. Com a formação de um mundo amplamente conectado, pensadores como Francis Fukuyama (autor do livro O Fim da História e o Último Homem) afirmavam que as nações seriam gradualmente substituídas por uma espécie de mercado mundial.

Assim, o mundo, visto como uma aldeia globalizada, superaria as diferenças e logo seria pleno. Com isso, proveria aos cidadãos uma vida de qualidade material. Obviamente, nem todas as nações apresentaram o mesmo crescimento por possuírem uma formação política, histórica, religiosa e cultural diferentes. Isso dificultou a ideia do cosmopolitismo se tornar uma realidade. Portanto, verificadas as diferenças de formação dos países, segundo os críticos ao cosmopolitismo, um cidadão de Nova Iorque não possui conexão alguma com um cidadão do Cairo.

Filosofia e cosmopolitismo

O filósofo Diógenes de Sinope, que fundou o Cinismo na Grécia Antiga, pode ser considerado um cosmopolita. Quando, certa vez, lhe perguntaram de onde vinha, ele respondeu: “Eu sou um cidadão do mundo (kosmo-polites)”. Entretanto, naquela região e período, as cidades-estado eram a identificação social mais reconhecida. A partir delas definia-se e se diferenciava os gregos em relação a outros povos.

Posteriormente, os estóicos utilizaram a frase de Diógenes para desenvolver a ideia de que cada ser humano dispunha de duas comunidades: a de nascimento e a das aspirações como pessoa.

Immanuel Kant, em sua obra “Ideia de uma História Universal de um Ponto de Vista Cosmopolita”, defende um progresso uniforme e global da humanidade. Para o filósofo, a partir da rivalidade entre os seres humanos ocorre a necessidade da criação da sociedade civil. Ela constrange as liberdades, evitando os estragos causados pelas guerra e forçando os Estados à paz.

Assim, existiria a necessidade de uma legislação comum a todos os países (cosmopolita) a fim de evitar os conflitos bélicos que advém da inerente competição entre as pessoas. Então, o progresso moral supõe que os seres humanos sejam cidadãos do mundo, atribuindo-se a eles a realização de uma comunidade universal. Esse grupo seria formado por seres livres e racionais com objetivo de preservar a liberdade e a dignidade humanas. Esse seria o ideal cosmopolita para Kant.

Fontes:

Lima, N. de O. (2018). O cosmopolitismo kantiano e a fundamentação dos direitos humanos. Aufklärung: Revista De Filosofia, 5(1), p.53-60. https://doi.org/10.18012/arf.2016.37490

https://plato.stanford.edu/entries/cosmopolitanism/

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832010000100002&script=sci_arttext

https://bonifacio.net.br/reencontrar-a-esperanca-reconstruir-o-brasil-revisitando-o-livro-de-stefan-zweig-brasil-pais-do-futuro/

https://www.suplementopernambuco.com.br/edi%C3%A7%C3%B5es-anteriores/78-traducao/1968-cosmopolitismo-e-as-quest%C3%B5es-que-o-cercam.html

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