Doença trofoblástica gestacional é um termo geral para designar alterações originadas da proliferação anormal do trofoblasto. São elas a mola hidatiforme (parcial e completa), mola invasora, tumor trofoblástico de leito placentário e coriocarcinoma, entre outras menos frequentes.
Algumas dessas doenças são benignas, mas podem ter potencial cancerígeno quando persistentes. Outras são chamadas neoplasias trofoblásticas gestacionais, pois são de comportamento maligno e diferem entre si pelo grau de proliferação, invasão e disseminação.
As Doenças Trofoblásticas Gestacionais (DTG) são classificadas de acordo com critérios morfológicos, clínicos e patológicos, baseados na classificação da Organização Mundial de Saúde.
Nessa classificação temos dois grupos que são as DTGs Vilosas e Não-vilosas.
As DTGs vilosas formam estruturas placentárias com vilosidades no útero, onde ficam implantadas. Elas compreendem as alterações presentes em uma gravidez molar, que são: Mola Hidatiforme Parcial (MHP), Mola Hidatiforme Completa (MHC) Mola Invasiva (MI). Dentre elas, a única que é considerada maligna é a Mola Invasiva.
Essas DTGs não formam vilosidades. Elas são de dois tipos quanto a capacidade de invasão dos tecidos: Lesões benignas não molares e Neoplasias Trofoblásticas Gestacionais.
Dentre as lesões benignas não molares estão o Sítio Placentário Exagerado (SPE) e o Nódulo de Sítio Placentário (NSP).
Já as Neoplasias Trofoblásticas Gestacionais compreendem o Coriocarcinoma; Tumor Trofoblástico de Sítio Placentário (TTSP) e Tumor Trofoblástico Epitelioide (TTE). Elas podem progredir, invadir outros tecidos, formar metástase e levar à morte caso não sejam tratadas.
As DTGs vilosas são o resultado de uma gestação aberrante com o cariótipo anormal devido a uma fertilização incorreta, que vai ocasionar a proliferação anormal do trofoblasto. Assim, podem formar os anexos embrionários atípicos e não formar o feto, ou formar um feto anômalo.
Já as NTGs podem surgir após a evacuação uterina de uma gravidez molar, ectópica, ou de um aborto, bem como depois de um parto normal a termo ou prematuro. Por isso, também é referido como neoplasia trofoblástica persistente. Essas lesões variam consideravelmente no comportamento clínico-patológico e propensão para a invasão e metástases locais.
Embora uma DTG possa ocorrer como complicação da gravidez em mulheres em qualquer idade, é mais comum em gravidez de adolescentes ou idade materna avançada (40- 50 anos).
Os principais sintomas uterinos são sangramentos, útero aumentado, embrião/feto ausente ou anormal e vilosidades da placenta com volume aumentado em forma de cachos de uva.
Outra característica marcante é o nível elevado de β-hCG no sangue não relativo à gravidez (níveis maiores que 100.000 mUI/ml), que podem levar a sinais clínicos variados como hemorragia uterina, hipertireoidismo e cistos luteínicos ovarianos relacionados à elevação do nível hormonal.
Quando se trata das NTG, são tumores altamente vascularizados, por isso suscetíveis a produzir metástases e detectáveis por ultrassonografia duplex de vasos.
Historicamente as DTGs possuíam morbidade e mortalidade significativas. Na década de 70, gravidez molar era muitas vezes acompanhada de hemorragia grave e outras complicações médicas e não era possível a detecção precoce e evacuação uterina eficaz. Para as NTG o quadro era semelhante antes da introdução de quimioterapia em seu tratamento, há 50 anos. A taxa de mortalidade para a mola invasiva era cerca de 15%, frequentemente devido à hemorragia, sepsies, embolias ou complicações cirúrgicas.
Atualmente, as taxas de sobrevivência nas DTGs são de 95 até 100%, caso a doença não seja resistente aos medicamentos. As NTG representam um dos mais curáveis tumores sólidos, com a taxa de cura de 90%, mesmo na presença de metástase.
O sucesso no tratamento é resultado da sensibilidade à quimioterapia que essas neoplasias apresentam. No entanto, o médico precisa utilizar os níveis de hCG como marcador tumoral para o diagnóstico correto da doença e monitoramento da terapia.
Por isso, é importante encaminhar as pacientes para médicos que possuem conhecimento especializado em gestão dessas doenças, que vão a identificar o melhor tratamento para cada caso e, ainda, se há a necessidade de combinar quimioterapia, radioterapia e cirurgia, em pacientes de maior risco.
Referência
LURAIN, John R. Gestational trophoblastic disease II: classification and management of gestational trophoblastic neoplasia. American journal of obstetrics and gynecology, v. 204, n. 1, p. 11-18, 2011.
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