Gripe espanhola

A gripe espanhola foi uma pandemia causada pelo vírus H1N1. Ocorreu entre os anos de 1918 e 1919 levando 50 milhões de pessoas à morte. A doença matou mais do que as duas grandes guerras mundiais.

Apesar do nome, a gripe espanhola não teve origem na Espanha. Os primeiros infectados foram registrados no Estados Unidos, na base militar de Fort Riley, Kansas. Depois de algumas semanas, a propagação viral foi espraiada durante a Primeira Guerra Mundial, entre os soldados que estavam sob condição de precariedade sanitária nas trincheiras.

A doença atingiu primeiro os agrupamentos militares dos países envolvidos no conflito global. Assim, os veículos de imprensa dessas nações não noticiaram a pandemia. Os interesses estavam focados na cobertura da guerra, e fatos que pudessem gerar instabilidade na população eram censurados. Estas ações ajudaram sobremaneira na disseminação do vírus.

Como a Espanha era um país neutro no conflito, foi o único a publicar o espalhamento da doença. Assim, devido às novidades surgirem através de seus jornais, deu-se o nome gripe espanhola.

À época, a dificuldade de combater o vírus ocorreu devido à falta de dados científicos a respeito de sua formação. Ele foi concebido como H1N1 somente muito tempo depois. O agente infeccioso apresentava um arranjo que continha oito genes. Até então, o sistema imunológico dos seres humanos desconhecia este formato, por isso ocorreram tantas mortes. Ademais, antibióticos para as infecções causadas pela gripe espanhola ainda não existiam.

O consenso entre a comunidade médica é de que o vírus originou-se das aves e depois de passar por uma fase no organismo dos porcos, migrou para os humanos por meio do alimento. No corpo humano, o H1N1 agrupou-se em uma estrutura que possibilitou a transmissão comunitária, quando uma pessoa passa o vírus para a outra por meio de secreções respiratórias.

A gripe espanhola causou um maior índice de mortalidade entre os adultos jovens, ao contrário do que ocorre com a gripes sazonais, as mais comuns. Por apresentarem um sistema imunológico de resposta mais rápida, os adultos daquele período combatiam o H1N1 a partir de uma amplo espectro de inflamações que enfraqueciam o pulmão e tornavam difícil a sobrevivência.

Família utilizando máscaras de proteção durante a pandemia de H1N1 em 1918, chamada de Gripe Espanhola.

Propagação no mundo

A evolução da doença deu-se por meio de ondas de infecção. A primeira foi a mais leve e teve origem no semestre inicial de 1918, atingindo Europa ocidental e Polônia. Já a segunda ocorreu no Estados Unidos nos meses finais daquele ano. Nesta fase, a doença começou a ocorrer de forma mais letal e a pessoa infectada, após apresentar os primeiros sintomas, falecia em dois dias. De acordo com dados da Enciclopédia Britânica, após o primeiro caso da doença em Massachusetts (EUA), o número de infectados aumentou de um para 6.674 em seis dias. A terceira onda da gripe espanhola ocorreu nos meses seguintes e atingiu territórios do mundo todo através do fluxo de soldados.

Brasil

A gripe espanhola aportou no Brasil em 1918 através de uma embarcação inglesa que trouxe infectados para o Rio de Janeiro, Salvador e Recife. A doença espalhou-se pelo país e o número de brasileiros mortos é de 35 mil. Ao fim da pandemia, a ilha de Marajó, território isolado ao delta do rio Amazonas, foi o único local em que não houve registro de infecção.

Fake news

De acordo com dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), “com o avanço da doença, algumas promessas de cura eram noticiadas pela imprensa da época: caldo de galinha, quinino, ovos e limão eram alguns dos produtos considerados milagrosos”. Apesar de não possuírem nenhum valor terapêutico comprovado pela medicina, essas substâncias eram divulgadas pelos jornais do período de maneira sensacionalista. Eles prometiam a cura da gripe espanhola e, dessa forma, conseguiam aumentar o número de exemplares vendidos.

Fim da pandemia

Em 1919, da mesma forma que chegou abruptamente no ano anterior, o vírus da gripe espanhola parou de causar mortes. A hipótese mais aceita é de que o seu desaparecimento se deu por meio da grande parcela da população infectada ter criado anticorpos e, assim, uma defesa que possibilitou a sua sobrevivência perante a doença.

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