A República do Haiti faz parte do arquipélago do Mar do Caribe, na América Central, e tem 27.750 km² de território. Faz fronteira com a República Dominicana, na ilha Hispaniola, e a sua capital é Porto Príncipe. O clima da maior parte da região é tropical e em algumas áreas, semiárido. O território sofre constantemente com desastres naturais como furacões e terremotos. A moeda chama-se Gourde. O Haiti é o país mais pobre das Américas, seu IDH está na colocação de número 168 (0,503-Pnud 2018), com índice de analfabetismo de 38%. A mortalidade infantil é de 62 p/ 1000 nascidos. A expectativa de vida é de 63 anos. Mais de 60% da população vive abaixo da linha da pobreza, e 24% em extrema pobreza.
A população, em 2020, estava em torno de 11,3 milhões de habitantes e sua etnia é predominantemente afro-americana. Os idiomas oficiais são o francês e crioulo. Na religião, os haitianos somam 95% de católicos e apenas 5% é praticante da religião vodu. Apesar disso, o vodu é culturalmente forte no país e, em 2003, o presidente vigente, Jean Bertrand Aristide, declarou o Vodu como a religião oficial do Haiti.
Em 1492, Colombo desembarca na ilha Hispaniola, povoada pelos Tainos. Poucos se mantiveram vivos, procurando refúgio nas montanhas, mas sua quase extinção ocorreu após a ocupação e exploração espanhola sob a região. Posteriormente, africanos escravizados também procuraram refúgio nas florestas. Estas fugas eram chamadas “marronnage”.
Sob o tratado de Aranjuez (1777) a região se tornou colônia parte francesa e parte espanhola. A ilha tornou-se uma potência agrícola na produção de cana-de-açúcar por meio de mão-de-obra escrava. No século XVIII, a colônia francesa se tornou bastante próspera. Era chamada de Pérola do Caribe francês. Os colonos proprietários de terras faziam parte da aristocracia da Coroa Francesa. Era permitido que alguns negros e mestiços livres fossem donos de terras, possuíssem escravos e alguns direitos.
Em 1789 aconteceu a Revolução Francesa, e começaram a ocorrer diversas rebeliões de escravos no Haiti. Os fazendeiros brancos se alinharam aos ingleses e espanhóis, que eram contra a revolução na França, combatendo escravos rebeldes.
Na França, os jacobinos declararam abolição completa da escravidão nos domínios franceses. François-Dominique Toussaint L’Ouverture liderou as massas de escravos e libertou o Haiti. Napoleão tomou o poder e revogou a abolição e independência das colônias, mandando 50 mil soldados para a ilha, e Toussaint acabou sendo preso.
É retomada a luta pela independência a partir do General Jean-Jaques Dessalines, que venceu o exército de Napoleão e em 1º de janeiro de 1804 proclamou a independência do país, que foi o primeiro da América Latina caribenha a ser liberto. O General se autoproclamou Imperador do Haiti. Toussaint e Dessalines, são caracterizados pela história como “jacobinos negros”.
Somente em 1822, o Rei Carlos V reconheceu a independência do Haiti, mediante indenização de 150 milhões de francos pelas perdas de escravos. Diversos países, como Brasil e EUA, não reconheceram a independência da ilha por medo de rebeliões locais. Após o fim da Guerra de Secessão, em 1862, os Estados Unidos finalmente reconheceram o governo do Haiti.
Durante o século XIX o Haiti foi isolado diplomaticamente pelos países da região e potências europeias. O período foi dominado por teorias de superioridade racial no Ocidente. Os governos norte-americanos tinham interesse em reduzir a influência francesa para fazer investimentos na ilha. Em 1915, fuzileiros dos EUA ocuparam o país, e o exército haitiano foi dissolvido. Ainda no início da década de 1910, um banco privado americano (Citibank) comprou o Banco Nacional da República do Haiti, bancando a desestabilização do país.
Diversas rebeliões ocorreram no Haiti. A repressão dos EUA abateu mais de dois mil rebeldes, criou campos de concentração e impôs o trabalho obrigatório para o governo americano.
Em 1929, o país viveu grande mobilização popular e greve geral. Movimentos internacionais denunciaram a repressão dos EUA com a população haitiana. Em 1934, as forças militares se retiraram e a ocupação norte-americana chegou ao fim.
Surgiram diversos movimentos nacionalistas, socialistas e de resgate cultural da língua crioula.
Jean François Duvalier era um médico popular haitiano que foi eleito em 1957. Com discurso populista anticomunista e de negritude, conseguiu atingir alta popularidade na ilha. Durante a Revolução Cubana, os EUA fizeram de Duvalier um aliado no Caribe. Em 1964 teve início uma ditadura. O processo eleitoral foi extinto e movimentos políticos e sociais foram proibidos.
Após a morte de Duvalier, em 1971, com 19 anos sem nenhuma experiência política, seu filho, Jean-Claude, “BabyDoc”, assumiu e ficou no poder até 1986. Com o exército dividido, chegou ao fim a ditadura no Haiti. BabyDoc fugiu do país, exilando-se nos Estados Unidos.
Com 67% dos votos, Jean-Bertrand Aristide foi eleito no Haiti em 1990. Ex-padre salesiano associado à Teologia da Libertação (vertente católica marxista), comandou o país até 1991, deposto por um golpe de Estado e regressando à presidência em 1994. Mesmo com diversas denúncias de fraude, foi reeleito em 2000. Obteve apoio de Hugo Chávez, que incluiu o Haiti na PetroCaribe. Durante o período, sofreu diversos ataques por um grupo rebelde, liderado por Guy Philippe (ex-comissário da polícia) criando um clima de grande instabilidade no país. Aristide renuncia ao cargo em 2004.
No mesmo ano, a ONU ocupou o Haiti com a missão Minustah de estabilização da ilha. A operação foi liderada pelo exército brasileiro. Chile, Bolívia, Japão, Coréia do Sul e outros países também enviaram suas tropas. Venezuela e Cuba foram os países da América Latina que não participaram da ação. O fim da missão ocorreu em 2017. Os conflitos e forte crise sanitária e econômica se seguiram mesmo após a missão, que durou 13 anos.
Jovenal Moïse assumiu a presidência em 2017, um empresário exportador de bananas da região que se elegeu prometendo estabilidade ao país que ainda se recuperava de um terremoto em 2010. Sem cumprir as expectativas, Moïse enfrentou uma onda violenta de protestos por todo o país. Em 2021 foi assassinado em sua casa. O primeiro-ministro interino, Claude Joseph, ocupou o cargo.
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Fontes:
http://circuitomt.com.br/editorias/artigos/84492-tainos-indigenas-nativos-do-haiti-i.html
https://operamundi.uol.com.br/historia/26047/hoje-na-historia-1990-padre-jean-bertrand-aristide-e-eleito-presidente-da-republica-do-haiti
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2010/02/02/interna_mundo,170701/amp.shtml
https://www.brasildefato.com.br/especiais/ha-dois-anos-terminava-a-missao-do-exercito-brasileiro-no-haiti-sucesso-para-quem
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-07/joseph-lambert-e-nomeado-presidente-interino-do-haiti
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/haiti/
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