Hong Kong é um território administrativo especial pertencente à China. Considerado um dos maiores destinos turísticos do mundo, possui uma cultura rica que provém das suas movimentações históricas. Anteriormente uma colônia britânica, a ilha foi peça fundamental em momentos importantes da civilização chinesa.
Localiza-se ao sudeste da China, possui alta densidade demográfica resultante de 7.5 milhões de habitantes por 1.104km², ou seja, 6.300 pessoas por km². Possui a maior concentração de arranha-céus em escala global. Hong Kong é conhecida por abrigar mega-milionários, figuras do mundo financeiro e banqueiros. Grande parte de seu sistema de saúde é gratuito e sua rede de transportes demonstra excelência. Porém, Hong Kong apresenta milhões de cidadãos na pobreza.
O espaço habitacional em Hong Kong tem média de 15m² por pessoa. A classe altas vivem em apartamentos com cerca de 80m² que custam o equivalente a milhões de reais. Com aluguéis caros, a maior parte da população reside em moradias que podem ter até cinco metros quadrados.
Essas contradições que habitam Hong Kong são o símbolo do seu processo de desenvolvimento, primeiramente como colônia e depois como região especial de pertencimento da China. Em seus arredores, pode-se perceber a mistura do tradicionalismo chinês em meio aos elementos ocidentais, visivelmente britânicos.
O ópio foi elemento marcante na história da China e de Hong Kong. Era comercializado e consumido desde a Dinastia Tang, entre os anos de 618 e 907. Introduzido por meio de mercadores de origem árabe, era medicinalmente aplicado. No século XVIII, em meio ao processo de expansão do colonialismo mercantil na Europa, o continente asiático passou a representar uma localidade de valor geopolítico.
A Companhia Britânica das Índias Orientais detinha o monopólio do ópio. Após a Revolução Industrial da Inglaterra, ainda no século XVIII, industriais britânicos exigiram o livre comércio do produto. Naquele momento, a substância adentrou enfaticamente o território da China. A Corte Imperial Qing, a perceber os malefícios causados aos chineses, bloqueou seu comércio no país.
Um fato marcante deste processo foi o confisco de cerca de 20.000 caixas com ópio, realizado pelo governo chinês em 1839. A China exigiu que os comerciantes estrangeiros assinassem um tratado renunciando ao tráfico da substância. Prevendo o déficit comercial que atingiria a economia inglesa, a Grã Bretanha respondeu militarmente e iniciou a Guerra do Ópio. Este conflito teve duas fases e durou entre 1839 e 1842 e depois de 1856 até 1860, nesta segunda etapa com apoio dos franceses à Inglaterra.
Após diversos conflitos, a China saiu vencida daquela guerra e viu-se dentro de um cenário econômico catastrófico. Como forma de demarcar o fim da Guerra do Ópio, o país chinês precisou assinar em 1842 o Tratado de Nanquim. Neste acordo constava que os britânicos ficariam com a ilha de Hong Kong, além receberem o pagamento de mais de 20 milhões de dólares referente ao danos causados pela guerra. Fora isso, ficou combinada a liberação de cinco portos para o comércio estrangeiro: Shanghai, Ningbo, Xiamen, Fuzhou e Cantão.
Ao longo das décadas, essa decisão afetou preponderantemente Hong Kong. Em 1959, era legalmente permitido que em Hong Kong mulheres e jovens menores de 18 anos trabalhassem em horário estendido de até 10 horas por dia em um regime de 48 horas semanais. Na década de 1960, com prestígio em Hong Kong, o Partido Comunista Chinês era apoiado pelos trabalhadores da ilha. Isso desencadeou uma greve em 1967, que exigia melhores salários. A administração da Inglaterra repudiou estes atos em confrontos que resultaram em cinquenta mortes e cinco mil cidadãos presos.
A partir dos anos 1990 a relação de forças entre China e Inglaterra começou a mudar. Desde a Revolução Comunista, gradualmente o país oriental retomou o caminho do crescimento com investimento pesado na economia interna e geração de empregos.
Em 1997, Hong Kong retornou à jurisdição dos chineses e ganhou a denominação de Região Administrativa Especial da República Popular da China. Dentro deste contexto foi iniciada a política conhecida como “um país, dois sistemas”. Desta forma, haveria uma área capitalista dentro da nação chinesa, coexistindo com as características socialistas vigentes na parte maior do território.
Hong Kong e grande parte de sua população, ao longo da colonização, tinham criado identificação com a Inglaterra. Apesar do fim da soberania britânica na região, restava ainda o aparelhamento social e a configuração que ainda influenciava sobremaneira a vida na região.
Os entreveros entre os auto-identificados ingleses de Hong Kong continuaram gerando uma série de atos contrários à administração da China. Em 2014 ocorreu a Revolução dos Girassóis, manifestação que eclodiu na Ilha de Formosa. Naquele mesmo ano realizou-se também a Revolução dos Guarda-Chuvas. Ambos os atos tinham por objetivo aumentar a autonomia de Hong Kong, embora não tivessem apoio da maioria da população da República Popular da China. Em 2019 ocorreram novas manifestações em Hong Kong no sentido de reivindicar maior representatividade política.
Fontes:
OLIVEIRA, Amaury Porto de. Hong Kong: Metrópole Chinesa e Cidade Global. 2012. Disponível em: https://www.academia.edu/40662481/Hong_Kong_e_Taiwan_o_pecado_mortal_do_Partido_Comunista_Chin%C3%AAs http://navalbrasil.com/pepe-escobar-rastreando-a-interferencia-estrangeira-em-hong-kong/ https://www.paulogala.com.br/shenzhen-ultrapassa-hong-kong-industria-ou-servicos-qual-tem-mais-potencia/ Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/historia-de-hong-kong/
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